Mas, ali, Barbara não aparecia em parte alguma. Era só mais União Europeia, e Eva
quase já não tinha forças para aquilo.
- Mas mãos à obra – sussurrou, e se endireitou na cadeira. – Vamos em frente!
Tentou achar sentido em outro dos fragmentos de texto que acompanhavam o
nome de Brix. Um sobre um grupo de watchdogs – jornalistas investigativos –,
como o holandês Corporate Europe Observatory e a associação britânica Alliance
for Lobbying Transparency and Ethics Regulation. No trecho, Brix se declarava
crítico dessas forças que lutavam por maior transparência no sistema. A citação
vinha de uma matéria da qual Eva conseguiu ler apenas as primeiras frases. Era do
jornal dinamarquês Information, e precisava pagar para poder ler o resto. O trecho
gratuito, porém, tinha o nome do jornalista: Jan Lagerkvist. Eva se reclinou na
cadeira, soltou o mouse e pensou um momento naquele nome. Onde o tinha
ouvido antes? Então, lembrou-se. Era Lagerkvist quem gritava que lá vinha a
menina bonita quando Eva entrava na sala de aula, a menina que não precisava
chegar no horário à única disciplina importante que os alunos de jornalismo
fariam; tinha sido Lagerkvist quem dissera que Eva seria igual a todos os outros
imbecis desprovidos de talento, que ela daria alguns telefonemas em troca de uma
ou outra declaração dada às pressas, e isso num dia bom, porque nos demais
provavelmente se limitaria a requentar o publicado em outros veículos e correria a
acabar o quanto antes para poder sair e tomar um latte com as amigas no Café
Victor. Eva deu busca no Google e encontrou uma foto. Sim. Era ele. Nascido em
- Segundo a revista especializada Journalisten, era “o enfant terrible do
jornalismo dinamarquês”. Em outro site, denominavam-no “o jornalista mais
temido do país”. Eva entrou no guia Krak e procurou o telefone de Jan Lagerkvist.
Pediu a um dos funcionários da cafeteria da biblioteca para usar o telefone e
ligou. Só havia um Jan Lagerkvist na macrorregião da Zelândia, e ele morava no sul,