Viktoriagade, distrito de Vesterbro, Copenhague – 23h45
O taxista árabe da esquina estava de cigarro na boca. Estaria olhando para eles?
Não, Marcus descartou essa possibilidade. A única coisa que estavam fazendo era
ficar estacionados numa travessa da Viktoriagade, a uns duzentos metros do hotel.
O que podia haver de suspeito nisso? De resto, o taxista não tinha como ver o
notebook que descansava nos joelhos de Trane. O homem jogou a bituca no chão,
tornou a entrar no táxi e foi embora. Marcus pegou um receptor auricular sem fio.
- Você colocou direito, para que o som chegue o melhor possível? – perguntou
Trane.
Marcus verificou. Sim, o fone estava bem colocado no ouvido. Tirou o blazer e
pegou no banco de trás o coldre axilar. Vestiu-o. Era onde preferia levar a pistola,
perto do coração. Voltou a colocar o blazer. Trane olhou para ele. Marcus lhe disse: - Você se lembra do que falei? Estamos tratando da sobrevivência da Instituição
- enfatizou.
- Não se preocupe comigo – respondeu Trane. – Você vai ter muito pouco
tempo depois que cortar a luz. - Eu só preciso de uns minutos – disse Marcus depois de um instante de silêncio.
- É claro. A maioria dos hotéis tem gerador de emergência.
Marcus desceu do carro.