- É um homem sendo mau com outro? – Inclinou-se para a frente para ver
melhor. A vítima era ruiva. Atrás do assassino, o menino tinha desenhado um
rosto, talvez. Ou um animal.
O garoto também olhava para o desenho com muito interesse. - É muito violento – disse Eva. – Por que desenhou isso?
Ele não abriu a boca. Tinha os olhos fixos na mesa à frente. - Foi uma coisa que você viu na TV? Vocês tinham que desenhar algo que
tivessem visto hoje de manhã.
O menino olhou para ela e assentiu com a cabeça. - E você viu isso?
De novo, um ligeiro gesto afirmativo com a cabeça. - Na TV?
O menino fez que não. - Num gibi ou coisa parecida?
Um som escapou, de leve, dos lábios do menino: - Não.
O celular vibrou no bolso de Eva apenas meio segundo antes de a impetuosa
campainha de sinal da creche começar a reverberar na sala toda. “Papai”, apareceu
na tela. Eva cortou a chamada, recolocou o aparelho no bolso e voltou a sentar com
o garoto, que tinha lágrimas nos olhos. Ele ficara chorando aquele tempo todo? Eva
não tinha certeza. - É alguma coisa que você viu num filme?
Na mesma hora, o choro do menino ficou ruidoso. - O que você tem?
- Aqui dentro, procuramos ficar com o celular desligado – disse Kasper, que
então deu de ombros, como se pedindo desculpas. – Acho melhor já ir dizendo: a
Anna e o Torben não... - Claro, claro. Desculpe-me.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1