Hans Jørgen respondeu primeiro com um aceno, depois com um sorriso e enfim
com palavras:
- Está tudo ótimo! A gente se vê quinta-feira.
Hans Jørgen Hansen olhou para Eva. Era agora ou nunca. Teria de ganhá-lo com
o que sabia. “Você tem só uma chance.” - Morreu antes de ter mandado o tal torpedo.
- Não estou entendendo.
- Alguns minutos antes do momento em que ele teria se suicidado, o sobrinho de
Brix já estava dizendo que tinham matado o tio.
Hans Jørgen Hansen olhou para ela. Ia dizer alguma coisa, mas mudou de ideia. - E como é que você sabe uma coisa dessas? – ele perguntou.
Eva ponderou se devia contar a verdade ou mentir alegando que tinha ficado
sabendo por alguma professorinha. A boca tomou a decisão por Eva. - Porque eu trabalhava na creche onde deixam o sobrinho de Brix. Tenho
diploma de jornalista, fui redatora do Berlingske até o meu noivo morrer na
explosão de uma mina, no Afeganistão. - Sinto muito.
Eva o ignorou. - Fiquei uns meses bem abatida, para dizer o mínimo – continuou. – Ainda por
cima sofri com a crise financeira, perdi o emprego, acabei no programa de
reinserção de mão de obra. Mas é a vida, não vim aqui para falar disso. Vim só para
dizer que o Malte, o sobrinho de Christian Brix, sabia do assassinato antes de Brix,
ou quem quer que fosse, ter mandado o torpedo. – Parou de falar. Eva tinha mais
coisas guardadas no arsenal, mas precisava dar a ele a chance de lhe fazer perguntas. - O que você quer de mim?
- Naquela manhã, mandaram o corpo dele para você?
- Mandaram. A quem eu estou dando declarações?
- Você está falando comigo, Eva. Extraoficialmente.