Distrito de Østerbro, Copenhague – 13h30
A Casa Real. Pensou nela ao sair do Departamento de Medicina Legal. E no
pouco que sabia sobre a realeza dinamarquesa. No paradoxo de não saber
basicamente nada, muito embora a família real fosse de longe a mais famosa e mais
exposta do país. O que Eva sabia de fato? Sabia os nomes deles e a cara que tinham.
Sabia que moravam ali na capital, no complexo palaciano de Amalienborg, e que...
Não, Eva interrompeu seus pensamentos e entrefechou os olhos um instante,
para se proteger do sol forte. Moravam mesmo em Amalienborg? O casal soberano,
sim, é claro, quando não se hospedava no Palácio de Marselisborg, lá em Århus, na
Jutlândia; ou na vinícola do príncipe consorte, na França. Mas e os príncipes e
respectivas famílias? O príncipe Joaquim e Marie deviam morar no Castelo de
Schackenborg, em Møgeltønder, também na Jutlândia. E Frederico e Mary? Sim,
Eva sabia que moravam ali em Amalienborg. Quando ela trabalhava no Berlingske,
o jornal publicou uma série de matérias sobre os artistas plásticos que tinham
decorado o apartamento do casal, num dos quatro palácios do complexo. Mas
talvez tivessem apartamento também em outros lugares. E as irmãs da rainha –
Benedikte e Anne-Marie –, moravam onde? E o que faziam os membros da Casa
Real na vida cotidiana? Quando não compareciam a jantares de gala com as outras
famílias reais, nem cortavam fitas em inauguração, nem davam a volta ao mundo
em companhia de representantes do empresariado nacional, eles faziam o quê? Eva
não tinha a mínima ideia. Como era a vida deles? Estavam satisfeitos ou tristes?