A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

  • Eu lhe imploro – insistiu Eva uma vez mais, em inglês. – Só estou tentando
    descobrir...

  • Não! – cortou-a. O olhar colérico de Claudia, a voz agressiva, não combinavam
    com sua aparência calma. Abanou as mãos como se Eva fosse uma mosca irritante
    que voava em volta da comida. – Out!
    Eva recuou para a saída, empurrada pelas palavras, olhares e gesticulações das
    funcionárias, que não estavam lhe desejando vida lá muito longa e feliz. Voltou-se
    quando chegou à porta. Seu olhar cruzou com o de Claudia. Muito rapidamente.
    Claudia queria dizer alguma coisa com os olhos, uma coisa que não podia dizer de
    outra maneira, palavras que não podiam ser pronunciadas.


Eva parou na rua. Só um tempinho. Confusa. A mulher queria falar com ela ou
não? Quando Claudia a olhara ao ouvir o nome de Brix, foi como se dois impulsos
contraditórios – calar-se ou falar – se enfrentassem no mais íntimo da mulher.
Eva começou a andar pela rua. Depois deu meia-volta e se dirigiu de novo para o
hotel.



  • E agora, Lagerkvist? – disse em voz alta.
    Um carro se aproximava em sentido contrário. Vinha a toda. Iam atropelá-la? Eva
    se precipitou para um lado e pisou na grama alta. O velho Fiat deu uma freada
    brusca. A mulher do hotel, Claudia, a olhou com raiva. Tinha tirado o crachá.
    Havia uma bolsa no banco do passageiro.

  • Entra! – disse Claudia, furiosa, em italiano. Depois acrescentou em inglês: –
    Agora!
    Eva entrou no carro. A mulher olhou por cima do ombro antes de dar meia-volta
    e tomar de novo o rumo do hotel. Passou direto por ele e foi em frente. Em vez de
    pegar a larga rua principal, pegou um caminho sinuoso, estreito demais para
    trânsito nos dois sentidos.

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