para que os filhos da gente participassem da festa, para que tivessem acesso ao clube
dos que são alguém neste mundo e vão continuar a ser, tendo como aval o apoio
mútuo entre eles e os monarcas.
Claudia interrompeu os pensamentos de Eva.
- Você sabia que, por mais que o governo grego exija, o rei deposto se recusa a
adotar sobrenome? - Por quê?
- Por quê? Rei não tem sobrenome. O da Grécia se nega a abdicar. Em
contrapartida, o governo dinamarquês lhe concedeu passaporte diplomático.
Quem você acha que administra essas coisas? - Brix?
- Ele e todo o estafe que trabalha para a Aliança. Mas, naquela noite, ele quis se
aposentar. - A noite no palácio? A última noite?
Claudia assentiu. - Mas se aposentar do quê? Do trabalho para a Aliança? É isso que você quer
dizer? - É. A Grécia lhe dava medo.
- Por quê?
- Estão jogando o país numa miséria que vai durar um século.
- Não acho que se possa culpar Brix por isso.
- Mas a Aliança também não foi de muita ajuda. Pelo contrário: tem pressionado
muito. Pressionado para que apliquem sanções pesadas, para que os salários sejam
precários. Tudo o que possa contribuir para a causa da Aliança. E vem
conseguindo. - Mas como? Continuam sem rei na Grécia.
- Durante muitos anos, foi proibido por lei que candidatos monarquistas
concorressem ao Parlamento grego. A lei foi revogada agora, durante a crise.