A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

poderiam encarregar-se do lanche da tarde. Eva havia pegado o casaco e a bolsa. Até
tinha tirado o celular para ligá-lo, e nesse momento não havia desenho nenhum lá.
Disso tinha certeza.
Queria ter se despedido da subdiretora, Anna, mas ela não estava no escritório.
Foi procurá-la na Sala Azul e na Sala Vermelha. Kamilla sorriu para Eva. “Amanhã,
quero falar com você de um assunto”, disse-lhe Kamilla, em voz baixa, ao passar por
Eva. Não aguardou resposta. Como uma agente secreta, Kamilla tinha sussurrado e
se apressado a seguir caminho, como se nada houvesse acontecido. Eva enfim achou
Anna. Pela janela, viu que estava lá fora com as crianças. Aí, sim, Eva deixou o
casaco pendurado no encosto da única cadeira para adultos na sala, aquela da
escrivaninha, onde deixavam a agenda em que era preciso fazer o registro de manhã.
A bolsa ficou no assento. Ainda havia algumas crianças na sala. Kasper cuidava da
saída dela. Será que Malte estava entre essas crianças? Depois saiu para o parquinho.
“Está quente hoje”, pensou. Anna perguntou como tinha sido o primeiro dia e se
Sally não era mesmo fantástica. Eva estava muito cansada, perto de apagar; talvez
por isso, não conseguia lembrar direito o que tinha acontecido durante aquela parte
do dia. “Vou dormir no trem”, pensou enquanto Anna lhe dizia mais alguma coisa,
algo sobre o dia seguinte. Eva disse que sim e que mal podia esperar até lá. Depois
voltou à sala de aula para pegar a bolsa. Esta estava no chão? Estava, mas na hora
não prestou maior atenção; simplesmente pegou a bolsa junto com o casaco e foi
embora. Entretanto, rebobinando mentalmente o filme, do jeito que os jornalistas
deviam sempre fazer, será que havia mais alguém na sala de aula? Não, disso tinha
certeza. Todos tinham saído para brincar ao sol. Mas espere. Está falando com
Anna no parquinho. A subdiretora faz algum elogio a Sally. Um pouco afastado, na
estrutura com cabeça de dragão, está sentado Malte. Agora Eva lembra. Lembra que
Malte olha para ela. É um olhar cúmplice, como se quisesse lhe dizer alguma coisa,
chamá-la. Eva sorri, ou tenta, porque talvez esteja cansada demais; torna a olhar
para Anna e responde a algumas perguntas.

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