avistá-lo. Encontrou uma corda amarrada entre duas estacas. Cingiu o cadáver com
ela. Assim tinha acabado a vida de Hans Peter. Tinha pulado na água, sofrido
cãibra ou parada cardíaca, se afogado, e a corrente arrastara o corpo até ali.
Ninguém poria isso em dúvida nem por um instante. Nem sequer fariam autópsia.
De repente, Marcus sentiu cãibra na perna. Agarrou-se a uma estaca e reprimiu a
dor. Foi lentamente para a passarela, estaca a estaca, arrastando-se na água, até que
chegou à escada. Aguçou os ouvidos por um momento. As vozes das mulheres
estavam longe; possivelmente, já tinham voltado ao vestiário.
Saiu da água com muita cautela, como um animal, engatinhando, praticamente
sem fazer ruído. Seus pensamentos não o deixavam em paz. Pensou no último olhar
de Hans Peter Rosenkjær na água; pensou em sair da água tal qual, milhões de anos
antes, tinha feito algum organismo primitivo; pensou na Instituição que havíamos
criado e que a natureza não nos tinha dado, naquilo que fazia que nos elevássemos
acima da natureza e não ficássemos caçando uns aos outros à beira-mar como
predadores; pensou na Instituição que acabava de salvar.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1