- Sou redatora, do Berlingske – respondeu.
- Aqui na Jutlândia, lemos o Jydske Vestkysten – proclamou Inge, de um jeito que
não deixava dúvida alguma de que a conversa estava encerrada.
Mesmo assim, Eva insistiu: - Nesse caso, você já deve ter lido coisas que escrevi. O Jydske Vestkysten pertence
ao Berlingske. Muitos dos nossos artigos também saem no jornal de vocês.
Martin lançou para Eva um olhar de alerta. - Só leio as notícias locais.
- Verdade?
- Por aqui, o resto do mundo não nos interessa. E o resto do mundo não se
interessa por nós. – Mais uma vez, pareceu dar a conversa por encerrada. - Pois digo uma coisa, Inge – retrucou Eva, tentando suavizar a situação com
uma risadinha e um sorriso para desarmar. – Ano passado, publicamos uma série
inteira de matérias sobre o mar do Norte. A pesca, a luta pelas cotas pesqueiras, a
vida perto do mar e das tradições... - Ninguém sabe nada do mar – disse a mãe de Martin, interrompendo Eva. A
caminho da cozinha, acrescentou: – Se alguém quiser, fiz café.
Mais tarde, na praia, quando Martin e Eva saíram para passear, os dois
discutiram. Eva lhe disse que ele era ingênuo porque não queria ver do que se
tratava a conversa com a mãe. Não se referia a jornais, é claro. Quando Inge dizia
que “por aqui, não nos interessa o resto do mundo”, o que queria mesmo dizer era
que “você não nos interessa minimamente” ou que “a mim, Inge, você não interessa,
Eva”. Martin riu e disse que Eva deveria ter prestado mais atenção à frase posterior,
qual fosse, que “o resto do mundo não se interessa por nós”. - Do que você está falando? – perguntou Eva.
- Que minha mãe tem medo que você não tenha ido com a cara dela, que você a
julgue, que não se interesse por ela. - Não acredito.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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