A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

  • Uma rodovia passa rente à floresta, e uma lagoa funda fica a menos de quarenta
    metros de lá. É um milagre que não tenha acontecido nada.

  • É o que parece.

  • E o que vai acontecer se o menino começar a mostrar que ficou traumatizado?
    Se de repente ele começa a ter pesadelos, ataques de ansiedade?
    Eva pensou no medo e nos traumas, no sangue do desenho e no bebê que tinham
    esquecido na mata. Não conseguia concatenar as coisas.

  • Não seria melhor que os pais soubessem? – perguntou Kamilla.

  • Sim, claro. Mas...
    Eva não sabia o que dizer. Era preferível que conhecessem a terrível verdade? Ou,
    para lhes facilitar a vida, era melhor mentir um pouco? Uma sombra encobriu o sol.
    Eva ergueu os olhos. Era Anna. Torben também tinha saído ao sol. Ele tentava
    organizar uma partida de futebol com algumas crianças pouco entusiasmadas.

  • Epa – disse a subdiretora. – Então vocês estão sentadas aqui, batendo papo.

  • Pois é. Algum problema, Anna? – O tom de Kamilla era duro e desafiador.
    Eva se levantou.

  • Bem, eu já estava indo – disse, e deixou as duas mulheres para se aproximar de
    Malte, que continuava sozinho na gangorra.

  • Oi, Malte! – disse-lhe Eva, sorrindo.
    O menino não falou nada.

  • Como vão as coisas?
    Malte enfiou o indicador na areia e o arrastou devagar, fazendo um desenho
    sinuoso.

  • Está desenhando o sol?

  • Não.

  • O que é, então?

  • Nada.

  • Nada? – Eva se inclinou para a areia. – Olá, nada. Como vai?

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