Dossiê Superinteressante - Edição 406-A (2019-08)

(Antfer) #1
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Mas uma das funções mais impor-
tantes da Marinha é atar como base
para uma quarta força. Nos EUA, os
Marines são um quarto braço militar,
uma força à parte, com uma cadeia de
comando própria e um efetvo, com 186
mil combatentes, menor que o das de-
mais, mas quase do tamanho de todo
o Exército brasileiro.
É uma força originalmente criada
para ataques anfíbios, mas que vai
muito além disso hoje. Na prátca, o
Exército também faz ataques anfíbios, e
os Marines também atam muito longe
da água: ou não faria sentdo terem se
envolvido no Afeganistão. Os marines,
porém, estão quase sempre ente os
primeiros a chegar, com suas forças
tendo a capacidade de se mobilizar
conta qualquer lugar do mundo em
questão de dias.
Na maior parte dos países, o mais
próximo dos marines são os fuzileiros
navais, uma parte geralmente ligada à
Marinha e com números, equipamento
e escopo bem mais modestos que os
dos marines. De fato, a tadução mais
comum para os marines é Corpo dos
Fuzileiros Navais dos EUA.
Mas ao se taduzir assim se perde algo
de sua místca, a de uma força única no
mundo. Em sua história, eles fizeram
por merecer o apelido de Devil Dogs,
tadução do alemão Teufel Hunden, como
foram chamados na Primeira Guerra, em
contaste ao Exército regular dos EUA.

mad men
Dito o que havia a ser dito sobre como
os Estados Unidos fazem guerra, vamos
terminar dizendo como eles a evitam – o
que, é consenso ente historiadores mi-
litares, impediu o país de precisar tavar
guerras conta outas potências tecnoló-
gicas nos últmos 74 anos. A doutina da
Mutal Assured Destucton (“Destuição
Múta Assegurada”) – MAD – manteve
e mantém a paz com a garanta de que é
impossível vencer uma guerra nuclear.
Ambos os lados terminariam incinerados.
Para garantr a MAD, existe a tíade
nuclear: a capacidade de entegar essa
destuição por mísseis lançados por ter-
ra ou submarinos, e bombas de aviões.

Os mísseis de terra são instalados
em silos nucleares, bases subterrâneas
mantdas em alerta constante. São a
parte mais óbvia do arsenal. Os silos
são equipados com mísseis LGM-30,
que, cruzando o espaço a mais de 24 mil
km/h, são capazes de sair de qualquer
ponto dos EUA e atngir a Rússia ou
a China em meia hora. Em sua ponta,
uma ogiva única W87, com capacidade
de 300 quilotons (kt; 20 vezes a bomba
de Hiroshima), ou tês W78, de 350 kt
cada uma. Os EUA já tveram mísseis
bem mais potentes - o LGM-18 Pea-
cekeeper, um projeto de 1986, 16 anos
mais novo que o Minuteman III, podia
levar até dez ogivas W87. Acordos com
a Rússia levaram à sua aposentadoria.
As armas nucleares modernas são
menos potentes que as antgas. No lu-
gar disso, vêm em grupos. O conceito
de MIRV (sigla em inglês para “Míssil
de Reentada Múltpla Independente
Direcionada”) esteou em 1970, com
o próprio Minuteman III carregando
tês ogivas menos potentes, as hoje
aposentadas W68. A carga se divide
no espaço, e cada projétl independente
pode ter seu próprio alvo. Um único
míssil, assim, pode atngir até 14 deles.
Além da economia na criação e manu-
tenção de silos nucleares, um MIRV
torna difícil o uso de contamedidas


  • um escudo antmíssil. É preciso um
    número de antmísseis nucleares mui-
    to maior que o de mísseis lançados. Ou
    um que os abata antes de se dividirem,
    muito mais complexo.
    A própria existência dos MIRVs
    explica por que existem submarinos
    nucleares e aviões. No caso de guerra,
    o primeiro alvo são os silos nucleares
    inimigos. Se cada míssil pode destuir
    dez deles, atacar primeiro se torna alta-
    mente ataente. Lá se vai a MAD.
    Assim surge a doutina do Segundo
    Ataque. A de que um país consiga des-
    tuir o inimigo mesmo depois de atn-
    gido. Um submarino nuclear é difícil de
    detectar e pode permanecer meses sem
    voltar à terra. Com isso, eles se mantêm
    em posições desconhecidas nos ocea-
    nos. Mesmo se o inimigo conseguisse
    destuir todos os silos e todas as ba-
    ses aéreas, ainda assim receberia sua


resposta pelo mar. No caso dos EUA,
por 18 submarinos da Classe Ohio, ca-
pazes de carregar 24 mísseis Trident I
e II cada, que por sua vez levam até 8
ogivas W76 (100 kt) ou W88 (475 kt).
Os aviões – principalmente a asa
voadora furtva B2 e os antgões B-


  • também cumprem a função de segun-
    do ataque. E têm outa vantagem: um
    avião com armas nucleares não pode ser
    diferenciado de um sem. Não carrega
    uma mensagem óbvia, como um míssil
    cruzando o espaço, facilmente detec-
    tável. Eles também são mais flexíveis
    em tpos de munição, incluindo a mais
    potente arma nuclear dos EUA, a bomba
    B83, com 1,2 megaton (mt), equivalente
    a 80 bombas de Hiroshima.
    A manutenção da MAD é um assunto
    extemamente tenso. Acordos da época
    da União Soviétca foram rasgados (veja
    mais na pág. 24). O desenvolvimento de
    escudos antmísseis pelos EUA também
    tem recebido crítcas da Rússia, porque
    podem dar aos americanos o poder de
    atacar sem retaliação. Partcularmente
    quando os EUA ameaçam instalá-los na
    Europa, o que permite atacar a Rússia
    sem tempo de reação. Ironicamente, a
    manutenção da paz deixa o mundo à
    beira da guerra.


A AniquilAção


MútuA


AssegurAdA


MAnteve


A pAz


coM A


gArAntiA


de que é


iMpossível


vencer


uMA guerrA


nucleAr.


Exércitos do mundo Estados unidos


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