Dossiê Superinteressante - Edição 406-A (2019-08)

(Antfer) #1
32 — exércitos do mundo

poderia seguir então para qualquer
lugar do planeta, carregando armas
convencionais ou nucleares, sem
chances de reação a tempo por
parte dos adversários.
A velocidade extraordinária
também é o segredo de um novo
canhão, que utiliza energia ele-
tromagnética para lançar projé-
teis com mais precisão. Instalado
em destróieres, ele poderia ser
utilizado para atingir, a partir do
mar, alvos distantes, com gran-
de velocidade: 2,5 quilômetros
por segundo contra um alvo a
até 199 quilômetros de distân-
cia. A tecnologia, que também
vem sendo testada por russos e
americanos, poderia inclusive,
na teoria, substituir o uso de
foguetes para lançar satélites
ao espaço. Além disso, canhões
com esse poder de fogo pode-
riam derrubar satélites inimigos,
atingindo seriamente sua capa-
cidade de comunicação. Navios
chineses com armas desse tipo
já foram vistos, e fotografados,
nos últimos meses – sinal de que
os testes seguem a todo vapor.

A BATALHA
da internet

Recentemente, a União Europeia
anunciou que está se preparando
para fazer um exercício militar
bem diferente: teinamento para
testar as defesas e a capacidade de
reação a ciberataques vindos da
Rússia e da China. Esse é um risco
bastante concreto. Na estmatva
dos especialistas da revista ame-
ricana Foreign Policy, algo ente 50
mil e 100 mil chineses tabalham
atvamente no desenvolvimento de
um “exército hacker”.
Ao que parece, alguns ataques
já aconteceram, com sucesso. A
China costuma negar seu en-
volvimento, é claro, mas já foi
acusada de invadir servidores
de órgãos de governo e de se-
gurança de Austrália, Canadá,

Índia e Estados Unidos – onde,
em 2010, o Google detectou uma
ação que conseguiu roubar dados
a respeito de novos projetos da
companhia.
“A discussão na China so-
bre cyberataques começou em
1990”, afirma a pesquisadora Lyu
Jinghua, do Carnegie’s Cyber Po-
licy Initatve, em artgo sobre o
tema. “Impressionada por como
as Forças Armadas americanas se
beneficiaram da aplicação de tec-
nologias novas na Guerra do Golfo,
a China começou a perceber que
não existe, no cenário atal, for-
ma de se defender adequadamente
sem utlizar as novas tecnologias,
especialmente as tecnologias da
informação.”
Desde então, os chineses vêm
desenvolvendo verdadeiras ar-
mas de ataque aos computadores
de outos países. O país também
investe em sua própria rede de
computadores e conexões de in-
ternet, para evitar a dependência
do exterior. “A China costuma
utlizar o termo ‘oito King Kon-
gs’ para se referir às principais
companhias responsáveis pela
estrutura da internet nos EUA:
Apple, Cisco, Google, IBM, Intel,
Microsoft, Oracle e Qualcomm”,
escreve Lyu Jinghua. O objetvo
é, diz ela, reduzir essa dependên-
cia e “garantr a segurança de sua
própria informação estatégica,
produzida por áreas crítcas”.
Uma superpotência do século
21 também vai precisar alcançar
o espaço, um domínio que, com
coisas como o sistema de locali-
zação por GPS e seus satélites se
tornando fundamentais na guerra
moderna, é cada dia mais estaté-
gico, e pode acabar vendo, se não
batalhas de humanos, ao menos
de mísseis antssatélite.
Nisso a China vem tabalhando
pesado. Já enviou, em janeiro de
2019, a sonda Chang’e 4 até o lado
oculto da Lua, um feito inédito
para qualquer país que não os
EUA e a União Soviética/Rús-
sia. O equipamento pousou na

SUPERBOMBA

Os chineses agora têm sua própria
“Mãe de todas as bombas”, maior
e mais poderosa do que o primeiro
artefato que ganhou esse apelido, o
GBU-43/B dos EUA. A fabricante de
armas Norinco foi a responsável pelo
projeto, que só perderia, em potência,
para bombas nucleares. Ela teria entre
5 e 6 metros de comprimento e seria
mais leve do que a versão americana,
que pesa 9.800 quilos. A bomba ainda
não foi batizada oficialmente, mas
um vídeo promocional datado do
final de 2018 indica que o armamento
está pronto para ser acionado.

MicRO-OndAS

Não é letal, mas não é algo pelo qual
você gostaria de passsar. Um feixe
de micro-ondas, na potência certa,
é capaz de provocar dores horríveis
no corpo todo, logo abaixo da pele. O
governo chinês garante que esse é um
projeto real, e que seria especialmente
útil principalmente na ação contra
o terrorismo. A princípio não deixa
sequelas – assim que o aparelho é
desligado, a vítima começa a voltar
ao normal. Sua grande utilidade seria
inviabilizar qualquer reação dos alvos.

PORtA-AviõES
nUclEARES

Parte do esforço de atualização
da Marinha chinesa inclui o
desenvolvimento de uma nova
geração de porta-aviões, movidos
por energia nuclear com catapultas
eletromagnéticas para disparar as
aeronaves. A iniciativa prevê a entrega
de pelo menos seis desses novos
modelos até o ano de 2035. Seria
um salto qualitativo e quantitativo
imenso, para um país que hoje tem
apenas um porta-aviões ativo, o
Liaoning, e um segundo em testes.

ARMAS


DO


FUTURO


Exércitos do mundo cHINA


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