Foto: Divulgação — 45
Num país que se sente sob ameaça existencial desde
seu surgimento, atacar primeiro e de forma fulminante
é visto como questão de sobrevivência.
Por Fábio Marton
E
Era 12 de janeiro de 2019 quando os
céus se encheram com o maior número
de aviões em um longo tempo sobre o
Aeroporto de Damasco, quase abandona-
do desde o começo da Guerra Civil Síria,
em 2012. Com eles, vieram os foguetes,
que foram interceptados pelas baterias
antfoguetes russas, mas a insistência
venceria, em 36 longas horas de ataques.
Um grande depósito e vários prédios ad-
ministatvos haviam sido reduzidos a
escombros. Ataque preciso: o saguão
principal e a pista foram poupados.
No dia seguinte, o primeiro-ministo
israelense Benjamin Netanyahu infor-
mava que “Israel atacou um depósito
de armas iraniano no Aeroporto Inter-
nacional de Damasco, refletndo nossa
polítca e firme determinação de impedir
a concentação militar do Irã na Síria”.
Segundo a Síria, o ataque custou 21 vidas.
Ente as quais 12 eram, de fato, iranianas.
A rara admissão de um ataque por
Israel alertou o mundo para algo que já
corria desde 2012: uma pequena guerra
fria ente Israel e Irã, ambos países que
negam ter partcipação direta na Guer-
ra Civil Síria. Israel tenta impedir que
os iranianos estabeleçam uma presença
permanente no que Mehdi Taeb, chefe
de inteligência da Guarda Revolucioná-
ria do Irã, chamou sem ironia de “a 35a
província do Irã”.
O medo de Israel é que, se o Irã esta-
belecer de vez sua presença no arco ente
Teerã e Damasco, isso mude todo o jogo.
O Irã, que tem tecnologia avançada em
mísseis e drones, e que já contola meio
Líbano por meio do Hezbollah, seria a
maior ameaça existencial a Israel em
cinco décadas.
Eterna ameaça
Israel nasceu da guerra. O surgimento do
país foi definido pelo Plano de Repartção
da Palestna, aprovado pela ONU em 29
de novembro de 1947. Previa uma área
árabe e outa judaica, picotadas em tês
partes. No dia seguinte a Israel declarar
sua independência do domínio britânico,
seguindo o plano, 14 de maio de 1948,
todos os vizinhos árabes invadiram. A
guerra levou quase dez meses e, dos der-
rotados, Israel conquistou seu território
contínuo, deixando de fora Cisjordânia
e a Faixa de Gaza.
Essas vieram em 1967, na Guerra dos
Seis Dias, novamente conta os vizinhos
árabes, menos o Líbano – um ataque pre-
ventvo, algo que se tornaria cental na
doutina militar israelense. Como o nome
indica, foi uma vitória relâmpago conta
inimigos em vantagem numérica. Vista em
Israel como o momento de virada, de esta-
belecimento de sua posição hegemônica.
E foi. Mas também o começo de toda
outa série de problemas. A vitória veio a
um preço: o eterno conflito com os pales-
tnos e a condenação internacional de um
país que era até então visto como um gesto
de justça em favor de um povo dizimado
nos campos nazistas. Israel acumula de-
zenas de resoluções da ONU condenando
sua polítca com os palestnos, várias das
quais com a anuência de países ociden-
tais (menos os EUA). A últma, a 2.334,
de 23 de dezembro de 2016, foi votada por
unanimidade pelo Conselho de Segurança
(os EUA se abstveram), condenando os
assentamentos na Palestna.
O sOldadO
israElENsE
Mitznefet
—
O chapéu engraçado, que
lembra o de um chef de
cozinha, cumpre uma função
tática: ele esconde a silhueta
redonda e brilhosa do capacete
OR-21 que vai embaixo – um
modelo tradicional de 1976,
formato “casquinha”, como
os capacetes americanos
antigos, mas feito de kevlar.
Também protege do sol.
tradição
—
Israel é um dos poucos países
a não usar camuflagem no
uniforme. No lugar disso, o
tradicional verde-oliva é o
padrão – só no ano passado
começaram testes com
camuflagem. Também não
há muita proteção para o
corpo, com um colete com
bolsos ou mochila acoplados.
Mulheres podem usar saia.
hoMens e
Mulheres
—
Apesar do serviço obrigatório,
as Forças de Defesa
Israelenses não costumam
enviar batalhões femininos
ou mistos para regiões de
combate acirrado. Geralmente,
elas patrulham regiões
mais seguras. Apenas 7%
delas são enviadas para
papéis de combate.
Exércitos do mundo israel
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