Dossiê Superinteressante - Edição 406-A (2019-08)

(Antfer) #1
— 49

Turquia
OrçamentO: US$ 17,8 bi
efetivOs: 335.000
aerOnaves: 1.067
naviOs: 194
POrta-aviões: 0
tanques: 3.200
armas nucleares:
50-90
aliadOs: Otan
(oficialmente), Rússia,
rebeldes sírios
adversáriOs: Síria,
Armênia, curdos,
radicais islâmicos

aliado
indeciso
Único país islâmico na
Otan, e único a ter a
maioria de seu território
na Ásia, a Turquia sempre
foi um caso especial.
Na Guerra Fria era uma
ameaça à União Soviéti-
ca, a pouca distância e
impedindo-a de dominar
o Mar Negro. Depois, um
freio às pretensões rus-
sas. Ela concentra ainda
hoje o maior arsenal
atômico compartilhado
pela Otan. As bombas
ficam na base de Incirlik,

dividida com os EUA.
Como as na Alemanha,
não são do tipo estratégi-
co, para destruir cidades,
mas tático, para usar
contra tropas. O país cos-
tumava ser estritamente
fiel a seus aliados, até a
ascensão do populista
Recep Tayyip Erdoğan
ao cargo de primeiro-mi-
nistro em 2014. E então
o país que apoiava Israel
e havia participado da
Guerra do Afeganistão
e o ataque da Otan à
Líbia em 2011 começou
a lentamente mudar de
lado – mudanças tão mal
recebidas que foram uma
das razões da tentativa
de golpe militar em 2016.
Desde então, países
ocidentais passaram
a protestar, o cerco à
oposição aumentou e a
Turquia passou a cortejar
a Rússia, com quem teve
sérias rusgas – chegando
à derrubada de um caça
russo passando por seu
território em novembro
de 2015. O namoro é
complicado: a Turquia,
envolvida profundamente
na Guerra Civil Síria, é
contra o regime Assad,
aliado da Rússia.

reino


unido


OrçamentO: US$ 47,5 bi
efetivOs: 150.000
aerOnaves: 811
naviOs: 76
POrta-aviões: 1
tanques: 331
armas nucleares: 200
aliadOs: Otan, Índia,
rebeldes sírios
adversáriOs: Rússia,
Irã, radicais islâmicos

A herança
de um
império
Em território total, nenhum
império do mundo superou o
Britânico, onde se dizia que o
“sol nunca se põe”. E a gran-
de vantagem desse passado
é que as Forças Armadas da
rainha contam com 16 bases
pelo mundo, das Falklands/
Malvinas a Singapura. E sua
doutrina, como aprenderam
nossos hermanos argentinos
em 1983, derrotados em dois
meses apesar da vantagem
logística, se baseia em se
mover e atacar rápida e
fulminantemente. A Marinha
britânica conta com capaci-
dade nuclear e, apesar de ter
sofrido cortes desde os tem-
pos das Malvinas, é conside-
rada a quarta mais poderosa
do mundo, perdendo apenas
para os três grandes. É
famosa pelos Royal Marines,
uma força de ultraelite com
cerca de 7 mil soldados,
treinada não só para invasões
anfíbias, mas até combate
ártico e nas montanhas. Após
colaborar com os EUA no
Afeganistão e Iraque, o país
está massivamente envolvido
no conflito contra o Estado
Islâmico, provendo defesa
aos porta-aviões americanos
e promovendo 1.652 ataques
aéreos, mais 933 por drones,
até abril de 2019.

alemanha


OrçamentO: US$ 49,1 bi
efetivOs: 178.641
aerOnaves: 613
naviOs: 81
POrta-aviões: 0
tanques: 900
armas nucleares: 20
aliadOs: Otan, Israel
adversáriOs: Rússia, Turquia

O escudo
do Ocidente
Quando as forças nazistas foram
derrotadas pela invasão conjunta
do Exército Vermelho Soviético
e os aliados ocidentais, o país foi
dividido em dois. E desarmado.
A Bundeswehr (“Defesa Federal”)
foi criada em 1955, quando a
Alemanha Ocidental, a parte ca-
pitalista, estava já havia dez anos
sem defesa própria, só contando
com as forças de ocupação.
Houve uma imensa discussão,
interna e externa, sobre como
tornar impossível que o país
que havia começado as duas
grandes guerras mundiais o
fizesse de novo. E a herança da
desconfiança são as 36 bases
americanas no país, mais forças
britânicas e francesas – ainda
que em situação bastante ami-
gável. A necessidade de formar
um escudo contra os países da
Cortina de Ferro prevaleceu e a
Alemanha, em 1990, terminou
com um Exército de meio milhão
de efetivos, que o historiador
da Guerra Fria americano John
Lewis Gadis considerou o melhor
do mundo. E surgiram os panzers
Leopard 1 e 2, considerados dos
melhores tanques da Guerra Fria.
Mas esses tempos há muito se
foram. Um acordo assinado na
reunificação entre as Alemanhas,
condição da União Soviética
para reconhecer o novo país,
reduziu esse número para 370
mil, e cortes de orçamento
diminuiram ainda mais, até a
posição atual. A ponto de a Otan
pressionar o país a se armar. Em
2016, o governo alemão anun-
ciou um plano de expansão que
deve durar até 2030.

Exércitos do mundo outras potências


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