Ana Maria - Edição 1191 (2019-08-15)

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D
iabetes, epilepsia, hipertensão,
infarto, HIV, Parkinson, Alzheimer...
São doenças crônicas, com sintomas
constantes, como dores, limitações para
andar, falta de ar, palpitações etc. Diante de
quadros como esses, é inevitável vir à tona
problemas da esfera psicológica (tristeza,
ansiedade, diminuição da coragem). O
infarto, por exemplo, costuma ser seguido
de sentimentos de angústia e medo. Isso
porque é difícil se adaptar a uma nova
realidade. No entanto, o que precisamos
considerar é o quanto somos capazes de nos
superar. Tal superação, no entanto, acontece
de maneira mais efetiva com o suporte
da família e amigos. Mas, muitas vezes,
não se trata apenas de uma adaptação, e
sim do aparecimento de um transtorno
mental, especialmente a depressão.
Quem já enfrentou algo semelhante sabe
bem a diferença entre se sentir triste e
estar deprimido. A depressão também é
uma doença crônica e não tratá-la é um
convite para o pior que a vida pode trazer:
desesperança, vazio, profunda tristeza,
insônia, falta de energia, sentimento de
culpa, pensamentos de morte e suicídio.
Paralelamente a isso, vêm os sintomas
incômodos, como suor frio, falta de ar,
preocupações constantes com o futuro,
insônia, falta ou excesso de apetite. Percebe
como as doenças podem ser piores com
a depressão? Facilmente a pessoa se
abandona... Nessa hora, o apoio da família
e amigos, embora seja importante, não é
o suficiente. Mesmo que tenha outro mal,
busque tratamento para a depressão com
especialistas. Tenha em mente que não
há nada de absurdo um psiquiatra estar
envolvido no tratamento de qualquer outro
mal. Aliás, doenças comuns aumentam o
risco de depressão e a depressão aumenta a
chance de desencadear outros males, já que
afeta a produção de hormônios, os sistemas
imune e cardiovascular. Cuide-se sempre
com terapia, medicação e todo e qualquer
procedimento que o psiquiatra indicar.
A mente da gente
GETTY IMAGES
Envie suas perguntas para Luiz Scocca pelo e-mail [email protected]
LUIZ SCOCCA
É psiquiatra com mais
de 20 anos de atendimento
em consultório próprio,
além da participação
em grupos de estudo,
congressos e projetos
sociais. Formado pela USP
e membro das associações
brasileira e americana
de psiquiatria: ABP e APA.
A relação entre as doenças
do corpo e a depressão
“Doenças comuns
aumentam o risco de
depressão e a depressão
aumenta a chance de
desencadear outros
males. Cuide-se com
terapia, medicação e todo
procedimento que
o psiquiatra indicar”
Dor e humor
são comandados
por regiões
conectadas do
cérebro. Por
isso, assim como
ocorre na insônia,
quem tem
depressão pode
ter mais dores
pelo corpo e
quem tem dores
crônicas provocadas
por outras condições
está mais sujeito
ao transtorno. As
queixas mais
comuns são
enxaqueca e
incômodo na lombar.
Dores
físicas
Risco maior em
mulheres
Segundo estudo da
Universidade
de Queensland,
na Austrália,
mulheres com
depressão têm mais
do que o dobro de
chance de
desenvolver
doenças crônicas
ao longo da vida,
como diabetes,
doenças cardíacas
e até câncer.

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