Ana Maria - Edição 1191 (2019-08-15)

(Antfer) #1
anamaria.uol.com.br

| Sinta & liga |


WAL REIS
é jornalista, profissional
de comunicação
corporativa e escreve
sobre comportamento^
e coisas da vida.

O


utro dia, conversando com uma
amiga new solteira na pista, que
reclamava da falta do gênero
masculino de qualidade no mercado,
lasquei a pergunta proibitiva: “E os
sites de relacionamento?”. Depois de
me olhar como se tivesse xingado a
mãe dela, começaram os argumentos
capengas: “Isso não é pra mim... Gosto
de olho no olho... não sou adepta
dessas tecnologias...” Suspirei. “Essas
tecnologias” incluem máquina de
lavar roupa, aspirador de pó e carro
automático. “Essas tecnologias” fazem
parte do dia a dia. E se é para sapatear
na tecnologia, a comunicação não
pode ficar de fora: esquece WhatsApp,
Instagram e seja lá o que for. Vamos
mandar cartões-postais, escrever
longas missivas e ir até os Correios
selar a carta com a língua.
Ah, para, né? Comprovadamente
aliada da vida prática, por que
necessariamente a tecnologia
precisa ser vilã dos relacionamentos?
Ao contrário: ela pode aproximar
pessoas certas. Na minha solteirice,
as plataformas teriam evitado muito
FOTOS: GETTY IMAGESiletrado, muito babaca pagando de ARQUIVO PESSOAL


Deixa o


cupido


VIRTUAL


te


clicar


Adoraria ver
um pessoal
legal e avulso
que conheço
flechados pelo
cupido virtual.
E aí sim, após
afunilar as
possibilidades,
partirem para
o encontro
presencial, com o
tal olho no olho...

gostoso que, para ser educada, tive que
encarar do outro lado da mesa, fingindo
prestar atenção na conversa enquanto
traçava planos para fugir dali.
Tem sem noção nos sites de
relacionamento? Às pencas. Mas a
vantagem é filtrar. Ali, confortavelmente

instalados em casa de pijama, diante
da telinha. Ao primeiro “de repente”
você bloqueia. Se começar com graça
de sexo virtual na segunda conversa
on-line, chuta que é macumba. Olha
a economia de tempo e energia: em
meia dúzia de tecladas o príncipe da
foto retocada vira sapo.
Por isso não entendo a resistência a
esse tipo de botequim da rede.^
Adoraria ver um pessoal legal e avulso
que conheço – homens e mulheres,
heteros e homos – flechados pelo
cupido virtual. E aí sim, após afunilar
as possibilidades, partirem para o
encontro presencial, com o tal olho
no olho, primeiro beijo, mão-boba e
tudo mais. Depois de certa idade, a
gente precisa ter pressa de ser feliz.

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