Guia do Novo Homnem do Século XXI - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

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EU SOU UM
HOMEM QUE
USA LENÇO,
ABRE PORTAS
E, AO MESMO
TEMPO,
AJUDO MINHA
MULHER EM
CASA.

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Henri Pagnoncelli

O ATOR HENRI PAGNONCELLI É UM BOM EXEMPLO. “Eu sou um homem
que usa lenço, abre portas e, ao mesmo tempo, ajudo minha mulher em casa. Faço
cama, lavo louça e cozinho. Fui morar sozinho aos 17 anos, quando fui fazer faculdade,
em Petrópolis (RJ). Tive de aprender a me virar. Sou moderno desde o século XX”,
diz, com bom humor. “Gosto de pegar a bicicleta e ir à feira, escolher as frutas e os
legumes. Preparo um bom café da manhã. Faço a cama. Decido, com a nossa funcio-
nária, o cardápio do almoço. Quando volto das gravações, depois de um bom banho,
sempre invento um novo petisco. Não temos o costume de jantar, mas não dispensa-
mos uma tábua de queijos, um carpaccio, saladas, coisas mais leves, sempre acom-
panhadas de um bom vinho ou uma caipirinha. Na caipirinha e na batida de coco, eu
me garanto”. A combinação parece ter dado certo, já que acaba de completar 28 anos
de casado com a esposa Teresa. “Somos parceiros de uma vida. E, para completar,
temos um filho maravilhoso, João Pedro, de 25 anos”.

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Com um apurado olhar estran-
geiro sobre a realidade nacional,
o culto ao corpo masculino no
Brasil chama particularmente
atenção da socióloga francesa
Léa Mougeolle. “A maioria dos
brasileiros tem o costume de
praticar regularmente ativida-
de física. Então, é considerado
“normal” encontrar homens
com corpos esculturais na so-
ciedade brasileira. Qual é o
sentido? Ter um corpo forte e
praticar esporte é uma norma
social presente. Se a maioria

dos homens tem corpos fortes, os demais irão se sentir excluídos. Em uma entrevista
de emprego, por exemplo, por que contratar um homem com um corpo fraco se posso
contratar um com um corpo forte? Além disso, fazer esporte permite demonstrar que a
pessoa tem vontade de se mover, não poupa esforços para ser produtivo quando o objetivo
é ter um corpo bonito. Então, hoje, no Brasil, acho que para ficar integrado mais facil-
mente na sociedade, praticar minimamente uma atividade física é importante, praticar
esportes pode ser considerado como uma norma social”, diz. E compara com a postura do
homem francês: “Na França, por exemplo, não é assim. Os indivíduos mais qualificados
frequentemente têm corpos mais fracos do que fortes. Aqui, ter um corpo forte permite
uma valorização social, seja na vida profissional ou pessoal”.
A forma como o homem brasileiro paquera as mulheres nas ruas também é motivo de
atenção para a socióloga. “Sendo francesa, eu vejo o homem brasileiro como um homem
muito sedutor, nos sentidos positivo e negativo. Os brasileiros são muito espertos para pa-
querar uma mulher. O problema é que, na rua, é normal encontrar homens que vão olhar
a sua bunda quando você passa diante deles e, posteriormente, assoviar”.

A SOCIÓLOGA E ARTICULISTA FRANCESA LÉA MOUGEOLLE, QUE CUR-
SA PÓS-GRADUAÇÃO NA UNIVERSIDADE SORBONNE NOUVELLE, DE
PARIS, RESSALTA ALGUMAS MUDANÇAS NO PERFIL MASCULINO NAS
ÚLTIMAS DÉCADAS:


  • os homens praticam cada vez mais tarefas domésticas. O tempo passado nessas tarefas
    ainda não é o mesmo que o das mulheres, obviamente. Porém, esta aproximação ocorre a
    cada dia com mais frequência.

  • os homens estão presentes nas redes sociais, no Facebook, no Instagram.

  • eles também gostam de tirar “selfies”. É considerado “normal” ver homens na praia tirando
    fotos deles mesmos. É um fenômeno particularmente considerável no Brasil.

  • o homem se preocupa muito com a sua beleza.


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