Ana Maria - Edição 1192 (2019-08-19)

(Antfer) #1
O sentimento vai se transformando
com o passar dos anos?
Vai, com certeza. A paixão tem aquele
rompante. Ao longo do tempo a coisa vai
se transformando, mas eu não saberia
explicar como é. Eu só senti.

É raro uma união durar tanto.
Sente que as pessoas enxergam
o relacionamento de vocês com
profunda admiração?
A gente nunca sabe como os outros nos
veem. Alguns podem dizer: “Poxa, que
bacana... Eles, apesar de terem se separado,
voltaram e conseguiram isso”. Outros
podem falar: “Ai, que chatice, meu Deus
do céu! Ficar tanto tempo casado!” Isso é
porque a experiência da pessoa foi ruim.
Casou sem estar apaixonada ou separou
com um trauma. Tem gente que diz: “Eu
não iria aguentar”. Tem de tudo na vida.

Qual foi a maior lição que você
aprendeu com o casamento até hoje?
A tolerância. Não adianta pensar: “Vou me
casar e mudar ele”. Isso é bobagem, mas
as pessoas jovens têm essa mania, o que
acaba sendo um aborrecimento para as
duas partes: você não vai conseguir e a
pessoa vai ficar chateada. É melhor aceitar
o outro do jeito que ele é.

Em termos de personalidade, em quais
aspectos vocês mais combinam?
Somos muito leais um com o outro, existe
um companheirismo grande. Mas ele é
“mineirão”, mais quieto. Eu fui criada na Rua
Visconde de Pirajá, em Ipanema. Em muitos
aspectos nos completamos, mas em muitos
somos diferentes.

Mesmo depois de tanto tempo,
ainda têm desentendimentos?
Claro! Às vezes, penso uma coisa, ele pensa
outra... Mas nada é levado ao extremo.
Com a idade, a gente tenta compreender
e respeitar o outro. Por causa disso, a vida
fica mais leve. Você não fica tentando impor
nada. Quando era moça, não sabia disso.

Aprendeu isso ao longo do tempo?
Com o passar dos anos, a gente não
ganha só rugas, não [risos]. A gente ganha
mais experiência e sabedoria também.
Além disso, nós dois já fizemos análise,
o que foi muito importante não só para
o nosso relacionamento, mas também
para a profissão, na construção das nossas
personagens. Eu sou escorpiana, ou seja,
meu verbo é criar. Eu gosto de aprender e
criar em cima disso.

E qual o signo do Mauro?
Ele é de Áries. A gente se olha e
se respeita porque sabe que cada
um tem sua personalidade. Já deu
muita confusão, mas hoje temos um
conhecimento muito bom um do outro.

Estatísticas mostram que,
atualmente, um a cada três
casamentos brasileiros termina
em divórcio. Você nota muita
diferença de como as pessoas se
relacionam hoje em comparação
a antigamente?
Acho que o principal é casar amando
e não só por uma atração. Nós casamos
apaixonados. Isso é uma delícia, é
ótimo... Se não for uma coisa profunda,
qualquer briga pode separar. Não digo
que essa é a razão pela qual tantos
divórcios acontecem porque não sou
psicóloga. Mas, talvez, as pessoas
precisem se aprofundar mais. Outra
questão são os objetivos em comum:
nós queríamos ser atores e criar uma
família. E conseguimos!

FOTOS: MARIANA PRIETO/REPRODUÇÃO INSTAGRAM


Rosamaria e Mauro
cercados por dois dos
três filhos: Rodrigo
Mendonça e Mauro
Mendonça Filho

Na festa, o casal
de atores refez
a mesma pose
do dia em que
subiram ao altar,
há 60 anos

Grupo Unico PDF Acesse: @jornaiserevistas

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