Adega - Edição 166 (2019-08)

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12 ADEGA >> Edição^166


ENTREVISTA | por ARNALDO GRIZZO E EDUARDO MILAN


Q

uando se fala em uma área idílica
da Europa Central em que todos
os anos as uvas são atacadas pelo
fungo Botrytis cinérea, a famosa
podridão nobre, resultando em vi-
nhos excepcionais, provavelmente a primeira
relação feita é com Tokay húngaros. Mas e
se a resposta na verdade fosse Seewinkel, um
local dentro de Burgenland, a região frontei-
riça da Áustria com a Hungria?
Segundo Gerhard Kracher (lê-se “crar-
rer”), há pelo menos 60 anos – ou seja,
desde que seu avô começou com a vinícola
que leva seu sobrenome em 1959 – a po-
dridão sempre apareceu e eles sempre pu-
deram fazer um vinho que chegou ao nível
de um Trockenbeerenauslese – o mais alto
grau de concentração (os vinhos doces aus-

tríacos seguem a classificação alemã, indo
dos Spätlese até os TBA).
O jovem e bonachão Gerhard afirma
que isso é algo único no mundo. Aos 38
anos, ele está à frente da empresa familiar
desde 2007 – quando seu pai faleceu pre-
cocemente, aos 49 anos, devido a um cân-
cer. Alois Kracher, que carregava o mesmo
nome do pai, nasceu no ano em que o
avô de Gerhard criou a vinícola com seu
nome, e foi ele quem colocou a Áustria no
mapa do vinho no mundo nos anos 1990.
Em sua recente passagem pelo Brasil,
Gerhard contou a história de como Kracher
se tornou uma potência dos vinhos doces,
o “Yquem austríaco”, falou sobre como está
sempre buscando melhorar a qualidade e
sobre todos os seus curiosos projetos.

DOCE, além da


BOTRYTIS


A filosofia da “qualidade infinita” de
Gerhard Kracher e seus “Yquem” austríacos
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