Adega - Edição 166 (2019-08)

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MUNDOVINO |^


EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Touriga bordalês?
Produtores de Bordeaux querem
introduzir novas variedades de uva na região

Mais branco no tinto
Tintos Châteauneuf-du-Pape
podem conter mais uvas brancas

As mudanças
climáticas
fizeram com que
produtores de
Châteauneuf-du-
Pape passassem a
considerar a adição
de vinho branco
em seus tintos
para melhorar o
equilíbrio entre a
acidez e o álcool.
Esta é uma prática
autorizada desde
a década de 1930,
mas agora há uma
visão de que isso
é cada vez mais
necessário.
Os produtores
afirmam que
condições mais
quentes ligadas à
mudança climática
significam níveis mais altos de álcool. O Domaine
de la Charbonnière, por exemplo, viu o volume
álcool atingir 16% em seu Cuvée Les Hautes
Brusquières 2016. A coproprietária do domaine,
Véronique Maret, disse que pretende misturar
pequenas quantidades de Bourboulenc e Clairette
em seus tintos daqui a quatro anos. “As uvas
brancas trarão mais acidez”, disse.
Outras propriedades também plantaram
variedades de uvas brancas, incluindo
Bourboulenc, Picpoul, Picardin e Clairette, para
misturar em vinhos tintos. “A mudança climática
nos obriga a ter mais cuidado com o equilíbrio
entre a acidez e o álcool, e o tanino e a maturação
da uva”, afirmou Michel Blanc, presidente da
federação de produtores Châteauneuf-du-Pape.
De cerca de 290 produtores, ele acredita que
muitos estão planejando misturar uvas brancas
em seus tintos.

O sindicato de produtores de Bordeaux e Bordeaux
Supérieur votou uma proposta para permitir que
novas variedades de uvas sejam introduzidas na
região. Sete castas foram aprovadas: Marselan,
Touriga Nacional, Castets e Arinarnoa (cruzamento
entre Tannat e Cabernet Sauvignon) para as
tintas, e Alvarinho, Petit Manseng e Liliorila (que
nasceu na década de 1950 após um cruzamento de
Barroque e Chardonnay) para as brancas.
A ideia de introduzir essas uvas seria ajudar
a combater as mudanças climáticas. Apesar da
aprovação no sindicato, a autoridade que coordena
as denominações de origem da França, o INAO,
ainda precisa aprovar o plano.
Os benefícios das sete uvas vão desde uma boa
resistência natural a doenças específicas, como
podridão cinzenta e bolor, até uma capacidade
comprovada para lidar com temperaturas mais
altas. As novas uvas poderão constituir até 10% do
blend final, mas apenas 5% da área de produção
de um produtor. Se a aprovação for dada, as
plantações poderão começar na temporada de
2020/21, disse o Le Syndicat Viticole de AOC
Bordeaux & Bordeaux Supérieur, que compõe
55% da área vinícola de Bordeaux, produzindo 384
milhões de garrafas de vinho por ano.
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