Adega - Edição 166 (2019-08)

(Antfer) #1

Edição 166 >> ADEGA 59


Costuma-
se dividir
a região
em norte
e sul, de
Avignon até
Montélimar
e depois até
Vienne

truída em Châteauneuf-du-Pape. Na época, a
igreja obviamente passou a produzir vinhos no
local, que eram denominados “Vin du Pape”
(vinho do papa) e servidos no palácio papal em
Avignon e a reputação desse vinho logo ganhou
fama. Os vinhos de Châteauneuf-du-Pape são
conhecidos por poderem levar até 18 castas di-
ferentes em seu blend.


Norte e sul
Costuma-se dividir a região vitivinícola do vale
do rio Rhône (rio Ródano, em sua tradução para
o português) em norte e sul. De Avignon até
Vienne, as duas cidades em pontos mais extre-
mos do vale, são cerca de 200 quilômetros de dis-
tância. A parte sul é considerada de Avignon até
Montélimar, abrangendo denominações como
Côtes du Rhône, Châteauneuf-du-Pape, Vac-
queyras, Gigondas, Lirac etc. A parte norte conta
com Côte-Rôtie, Condrieu, Crozes-Hermitage,
Hermitage, Cornas etc. Entre as principais dife-
renças entre norte e sul, além do clima, está o
uso das variedades de uvas. Enquanto no norte
os tintos são baseados em Syrah, quase que exclu-
sivamente, no sul, costuma-se usar mais o blend
com variedades como Grenache (predominan-
do), Syrah, Mourvèdre, Carignan e Cinsault.


GSM
Hoje ouve-se muito falar sobre vinhos GSM no
mundo todo. Há GSMs na Austrália, nos Estados
Unidos, na Espanha, no Chile etc. E GSM nada
mais é do que um blend das variedades Grena-
che, Syrah e Mourvèdre – as três principais cas-
tas tintas do Rhône. A “expansão” dessa mistura
típica do Rhône deve-se ao sucesso dessas três
cepas em regiões com climas similares ao sudeste
francês e também à adaptabilidade, complemen-
taridade e capacidade delas para formarem bons
vinhos sob diversas circunstâncias. Vale lembrar
que, em geral, não somente os tintos do Rhône,
mas os brancos também costumam ser produzi-
dos com blends de diversas castas.


Terra original da Syrah
Durante séculos, houve diversas hipóteses sobre o
surgimento da variedade Syrah no mundo. Dizia-
-se que ela havia chegado ao Rhône através dos


cavaleiros cruzados que retornaram do Oriente
Médio, por exemplo. Mas havia diversas outras
histórias. No entanto, as origens da variedade es-
tão mesmo diretamente ligadas ao norte do vale,
mais especificamente na área do rio Isère à leste
do Rhône, até o lago de Genebra, entre a França
e a Suíça. Um estudo de mostrou que a Syrah é
um cruzamento natural entre a Mondeuse Blan-
che, uma uva branca, e a Dureza, tinta, duas cas-
tas típicas dessa localidade.

Ermitão
Um dos vinhos mais celebrados do Rhône é o
Hermitage, ou Ermitage. Segundo a lenda, o
nome deve-se a Henri Gaspard de Stérimberg,
um cavaleiro que voltou para a casa após a Cruza-
da Albigense no século XIII e teria se tornado um
ermitão. Os vinhos da região tornaram-se conhe-
cidos e, no começo do século XVIII, o historia-
dor André Julien chegou a classificar Hermitage
como um dos três principais vinhedos da França,
junto com Château Lafite, em Bordeaux, e Ro-
manée-Conti, na Borgonha. Aliás, houve época
em que os vinhos de Bordeaux chegaram a ser
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