58 motociclismom AGOSTO 2019
Também não foram pou-
cos os percauços, e foi
exatamente a parte du-
ra que tornou essa viagem
tão especial. A chegada a
Belém foi o primeiro gran-
de golpe e ficou marcada
para sempre na memória.
De pistola na cinta, mas
com toda bagagem dei-
xada nas motos (espin-
gardas inclusive), resol-
veram comer algo em
um bar da cidade. Como em cena de velho oes-
te, um sujeito entra no bar indagando: “Quan-
to querem pelas motos lá fora?” - “Não estão
à venda. Estamos em viagem com elas”, res-
poderam, já colocando as mãos sobre as pis-
tolas. Atrás do homem começaram a surgir ou-
tros, todos armados, até que a dupla fosse cer-
cada. “Moço, faça seu preço que tudo se resol-
verá bem”. Acharam melhor “vender” e trataram
de pedir algo como dez vezes o valor das mo-
tos. Um saco cheio de dinheiro foi trazido. “Deve
estar tudo ai. Podem carregar as motos no ca-
minhão.” - “Espera. E nossas coisas? Precisa-
mos da bagagem.” - “Moço, acho que você não
entendeu. O senhor vendeu tudo”. e partiram.
Com dinheiro em mãos e mais nada, desco-
briram a crescente onda de mineração na região
e resolveram empreender. Partiram para Manaus
em busca do eldorado, mas as dificuldades e,
principalmente, a malária acabariam com o sonho
da dupla. Com as dificuldades e o dinheiro inves-
tido em equipamentos, o sonho acabou. Foi pre-
ciso a ajuda da família, que chegou a mandar di-
nheiro, para que pudessem retornar a São Paulo
sãos e salvos, para nunca mais verem as Norton
de novo. A paixão por motos ficou para sempre
no DNA da família, mas esta é outra história.
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(^1) Depois
de sobreviver
aos jagunços,
à tentativa
de mineração
e à malária,
Ermelindo
retorna com
auxílio da
família e anos
mais tarde
compra sua
Lambretta
(^2) Ermelindo e
Angela Frediani
em 1957
(^3) Ermelindo
Frediani quando
trabalhava no
Banco, em 1947
(^4) Treinando
caça antes
da viagem. Até
a espingarda
se foi
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