Você SA - Edição 255 (2019-08)

(Antfer) #1
FOTO: DANIELA TOVIANSKY ILUSTRAÇÃO: VICTOR BEUREN

O primeiro passo para tomar as rédeas de sua vida é
fazer questionamentos do tipo: “Estou feliz fazendo o
que faço?”, “Que atenção estou dando à saúde e a meus
relacionamentos?”, “O que me dá prazer hoje?”, “Quanto
espaço estou reservando para isso no meu dia a dia?”,
“Preferia estar fazendo outras coisas?”, “O que me deixa
desmotivado?” O objetivo é conectar-se, focar o que está
acontecendo no presente e detectar possíveis conflitos
e fontes de insatisfação. Mas vale saber que não é pre-
ciso estar passando por uma crise para decidir buscar o
autoconhecimento — ao contrário, saber mais sobre si
mesmo é uma forma de evitar que a crise apareça.
Nesse exercício, a psicóloga Tasha Eurich sugere que
evitar se perguntar o porquê — por exemplo, “por que
não consigo me dar bem com meu chefe?” ou “por que
insisto em procrastinar?” — pode ser produtivo. Ela
explica: “Primeiro, porque dificilmente se chega a res-
postas úteis, já que o mais provável é que, inconscien-
temente, acabemos ‘inventando’ explicações que nos
pareçam satisfatórias”, diz. “Além disso, tentar entender
os porquês tende a gerar pensamentos ruminativos, que
levam mais para o passado do que ajudam a entender
o que está ocorrendo no presente. É por isso que pes-
soas com perfil muito analítico tendem a sofrer mais
de ansiedade e depressão.”


DO ESCRITÓRIO
PARA A PRAIA

O


empresário Felipe
Arias, de 36 anos, pas-
sou por uma baita crise
existencial até chegar
aonde sempre quis es-
tar. Advogado de formação, ele se es-
pecializou no mercado imobiliário e já
atuava havia dez anos na área quando
decidiu largar tudo para empreender.
No último emprego antes de pedir de-
missão, há três anos, ganhava muito
bem e tinha prestígio, mas, à medida
que a carreira prosperava, sentia que
estava cada vez mais se desconectan-
do de tudo o que o fazia feliz: natureza,
vida simples, praia, surfe e amigos por
perto. Para piorar, as relações no es-
critório eram péssimas, era obrigado
a vestir terno e proibido de usar barba.
“Eu me sentia um peixe fora da água.
Mantinha um frasco de protetor so-
lar na gaveta do trabalho e cheirava
quando queria relaxar e me sentir
mais perto da praia.” Meio que como
uma terapia, Felipe começou um blog
em que publicava histórias de gente
que havia abandonado tudo para viver
de forma mais autêntica. “A ideia era
tomar coragem para eu fazer o mes-
mo.” Foram quatro anos tocando o site
paralelamente à vida no escritório, e
ele chegou a fazer viagens bate-volta
até o litoral para entrevistar persona-
gens antes de voltar para o expediente
em São Paulo. “Escrever foi o que me
salvou.” Felipe foi conhecendo mais
gente, o projeto se desdobrou para
uma linha de camisetas e convites
para organizar eventos que reuniam
música, arte e pé na areia. Até que
ele tomou coragem para entregar
o crachá, vender tudo o que tinha
e investir na Lar Mar, misto de loja,
bar e espaço para eventos na capital
paulista. Hoje Felipe vive como quer:
“Trabalho descalço, conecto pessoas,
promovo o trabalho de artistas e vejo
sentido no que faço. E ainda ganho
mais dinheiro do que antes”.





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