Você SA - Edição 255 (2019-08)

(Antfer) #1

U


m estudo, divulgado neste ano, em parceria
entre a consultoria em desenvolvimento de
lideranças Green Peak e a Universidade Cor-
nell, ambas nos Estados Unidos, analisou a
experiência, o estilo de gestão e os resulta-
dos de 72 executivos de empresas públicas e privadas e
revelou o seguinte: os profissionais capazes de construir
boas relações com e entre o time entregaram melhores
resultados financeiros do que os que eram vistos como
tiranos. Entre as explicações dos pesquisadores, a ha-
bilidade de compreender como se dá a interação dentro
do time e a consciência das potencialidades e fraquezas
de cada um (incluindo a si mesmo) permitiria ao líder
montar uma equipe equilibrada e produtiva. Além disso,
a curiosidade de olhar além das experiências pessoais e
de se interessar pela realidade do cliente favoreceria a
tomada de decisões assertivas e focadas em resultado.
Nas organizações, espera-se que o líder pratique e pro-
pague a cultura criando significados para os subordinados
produzirem se sentindo engajados e valorizados em sua
individualidade. Ser acessível, saber se comunicar e agir
com transparência — inclusive em relação ao que não
sabe e precisa de apoio do time —, em vez de distribuir e
fiscalizar ordens e processos, são atributos de uma gestão

moderna e autoconsciente. Porém, nem sempre há empe-
nho por parte das chefias para olhar além de si mesmo,
muito menos admitir a própria vulnerabilidade. Pesquisas
mostram que, quanto maior o poder de um gestor, mais ele
tende a superestimar suas capacidades (em comparação
com a opinião dos subordinados).
Ainda assim, o futuro aponta para profissionais cons-
cientes de que o aprimoramento como pessoa é condição
para criar e inspirar culturas organizacionais mais sau-
dáveis e estafes mais eficientes. Em escolas de educa-
ção executiva de referência no mundo, como Harvard,
Stanford e Yale, a arte vem sendo usada há algum tempo
como recurso na formação desse tipo de liderança. A
ideia não é exatamente usar pintura, escultura, teatro
e música de forma lúdica ou para entretenimento, mas
como objetos de análise e interpretação para levan-
tar discussões sobre ética, racionalidade, inovação e
liberdade. “A arte estimula novas formas de pensar,
permite olhar as situações além do óbvio, desenvolver
pensamento crítico e resgatar valores humanos, como
generosidade, respeito e sensibilidade, tão importan-
tes nos ambientes de trabalho”, explica o professor e
pesquisador Ricardo Carvalho, especialista em arte e
gestão da Fundação Dom Cabral.

PROCURAM-


SE LÍDERES


MAIS


HUMANOS


POR QUE O AUTOCONHECIMENTO É IMPORTANTE PARA A BOA GESTÃO


VOCÊ S/A wAGOSTO DE 2019 w 35
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