Você SA - Edição 255 (2019-08)

(Antfer) #1

U


m dos principais pontos de atenção para
que o profissional construa uma trajetó-
ria de sucesso é saber fazer escolhas de
carreira pertinentes. A princípio, isso
pode parecer algo
simples, mas não é,
sobretudo quando
se está desemprega-
do ou insatisfeito com o emprego.
Isso porque, na ânsia de conquistar
um novo desafio, é comum sermos
arrebatados pelas promessas do pro-
cesso seletivo, deixando de lado a
cautela ao analisar a empresa e os
projetos que serão ali conduzidos.
O atual cenário do país, de eco-
nomia cambaleante e 13 milhões de
profissionais desocupados, compli-
ca ainda mais as coisas. Com medo
de não conseguir nada melhor,
muita gente acaba abraçando um
trabalho pouco alinhado com as
próprias expectativas. No entan-
to, é bom frisar que, a despeito da
crise, vivemos na era da experiên-
cia do candidato. Foi-se o tempπo
em que apenas a companhia fazia
uma avaliação do indivíduo. Hoje, o futuro empregado
pode — e deve — usar a fase de recrutamento para
questionar e analisar minuciosamente as oportunidades
que o posto lhe oferece.
Nesse sentido, aconselho a quem estiver em busca de
uma ocupação a fazer a avaliação de três pontos impor-
tantes: a cultura, o propósito e o jeito de trabalhar da
organização. Isso é peça-chave para calibrar as expecta-
tivas e compreender se os valores e as crenças pessoais
têm sinergia com o que a companhia acredita e pratica.
Por exemplo: alguém que preza pelo trabalho em grupo e

Por que assumir o papel de protagonista durante os processos seletivos e as
entrevistas de emprego se tornou um enorme diferencial para os profissionais

A era do candidato


pela colaboração talvez não se sinta confortável num lugar
em que as metas individuais são o mantra da cultura.
Para descobrir esse tipo de informação, é preciso aces-
sar pessoas que atuam ou já atuaram nesse ambiente.
Ajuda, também, ler notícias sobre
o negócio e seu setor de atuação,
além, claro, de observar os sinais
emitidos pelo contratante durante
as entrevistas. Nessas conversas, faz
toda a diferença ter uma atitude de
protagonista e investigar no detalhe
a atividade a ser desempenhada.
Mais que o título do cargo, deve-se
compreender as responsabilidades
e os desafios da posição. Um estudo
recente sobre pedidos de demissão
mostrou, por exemplo, que 46% das
pessoas que saíram de uma empresa
num período de até seis meses após a
contratação o fizeram por desalinha-
mento entre a proposta e as tarefas
desempenhadas de fato no dia a dia.
Só depois de fazer essa lição de casa
é que recomendo analisar o salário.
Lembrando que o ideal é calcular a
remuneração anual incluindo bonifi-
cações e pacote de benefícios.
Sem cálculos, sem capacidade analítica e sem uma boa
dose de coragem para questionar o statu quo, dificilmente
se faz uma boa mudança de carreira.

RAFAEL SOUTO
É FUNDADOR E CEO DA CONSULTORIA
PRODUTIVE, DE SÃO PAULO.
ATUA COM PLANEJAMENTO E GESTÃO
DE CARREIRA, PROGRAMAS DE DEMISSÃO
RESPONSÁVEL E DE APOSENTADORIA

VOCÊ S/A wAGOSTO DE 2019 w 81

“Estudo sobre
pedidos de
demissão
mostrou que 46%
das pessoas que
saíram antes
de seis meses
o fizeram por
desalinhamento
entre a proposta e
as tarefas de fato
desempenhadas”
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