Ana Maria - Edição 1193 (2019-08-26)

(Antfer) #1
O
PAPEL
DA

“O diagnóstico de
autismo traz sempre
sofrimento para
a família inteira,
principalmente para
os pais, que acabam
se agarrando à
possibilidade de ser
um engano. Por isso, é
importantíssimo buscar
informações sobre o
espectro e a aprender
técnicas que facilitam
a comunicação
da criança e o
relacionamento dela
com os outros”, diz
Ellen Moraes Senra,
psicóloga e especialista
em terapia cognitivo-
comportamental.

Eu não crio


expectativas.


Só quero que


ele seja feliz”


“Quando João tinha entre 2 anos e
2 anos e meio, eu e minha esposa
fomos investigar por que ele ainda
não conseguia se comunicar,
formar frases. Fomos em vários
neurologistas e cada um dizia uma
coisa. Ao completar 5 anos, uma
especialista deu o diagnóstico: ele
fazia parte do espectro autista. Isso
desestruturou a família. Eu não
quis aceitar. ‘Como isso é possível?
Precisa ter cura’ eu pensava. Afinal,
tudo que é diferente assusta. Nós
sofremos muito, mas decidimos
buscar informação para entender
e saber lidar com o autismo. Desde
aquele momento, além da escola,
João tem acompanhamento
de psicólogo, fonoaudiálogo,
neurologista e toma medicação para
melhorar o foco e o raciocínio. Além
disso, o matriculamos na natação
quando era pequeno. Por ser um
esporte que envolve atenção e
coordenação motora, achamos que
ele ia se dar bem. Mas ele ficava
mais pulando na piscina sozinho do
que aprendendo a nadar. Então, eu,

que sempre gostei e pratiquei artes
marciais, pensei de a gente fazer
jiu-jítsu juntos. Assim, há dois anos,
quando ele tinha 12, começamos
a fazer a modalidade na academia
Team Nogueira Cachambi (RJ). Para
mim, além de queimar energia,
ele se sentiria mais autoconfiante
e não ligaria para as crianças que
não gostam do seu jeito, das suas
manias. Aprenderia também a
respeitar o professor, os alunos e
saber que existem regras. Sobre seu
futuro... Eu não crio expectativas e
não penso no que ele vai ser ou o
que vai deixar de ser. Eu quero que
ele seja feliz. Simples assim. Para
isso, respeito seus limites e não o
limito em nada. Desde quando ele
era pequeno, falo: ‘Você pode tudo
o que quiser’, ‘se você se empenhar,
você vai conseguir’.”

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Carlos Herdy e seus dois filhos: Lucas, de
7 anos, e João Gabriel, de 14
FOTOS GETTY IMAGSE/ARQUIVO PESSOAL

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