Ensino Superior - Edição 241 (2019-08)

(Antfer) #1
Ensino Superior 23

E


Com esse cenário à frente, coordenadores e
diretores de cursos de graduação, pós-graduação
e de extensão de instituições de ensino de gran-
de porte não têm dúvida quando perguntados
como sobreviver nele: “estudar e buscar atuali-
zação ininterruptamente”. Tal veredito ganhou,
tanto no Brasil como no exterior, uma defi nição
comum: lifelong learning. Em uma tradução livre,
aprendizado ao longo da vida.
Ou seja, aquela carreira planejada com uma
graduação, primeiro emprego e, após a consolida-
ção profi ssional, a procura por um curso de pós-
graduação lato sensu (especializações e MBA) ou
stricto sensu (mestrado ou doutorado) é, literal-
mente, coisa do passado. E, de olho nesse futuro,
as instituições de ensino têm moldado a oferta de
temas para disputarem o eterno estudante, que
pode ter 18 ou mais de 65 anos , ser um estudan-
te de graduação ou um executivo de uma grande
empresa que já concluiu um MBA e se prepara
para um novo desafi o no mercado de trabalho.
Esse quadro, que inicialmente pode ser visto
como de difícil compreensão e de exploração por
faculdades e universidades brasileiras, na verda-
de tem se transformado em uma alternativa para
atrair novos alunos, manter dentro das salas de au-
las os que terminaram graduação e transformar

carteiras e cadeiras em um ambiente para troca
de experiências.

CURSO MOLDADO AO
PERFIL DO ALUNO

O lifelong learning entrou no radar da ESPM
a partir de 2015. Na avaliação de Tatsuo Iwata,
diretor nacional de pós-graduação e educação
continuada da instituição, a busca pela educação
continuada é resultado, primeiramente, de uma
jornada profi ssional mais extensa, somada à lon-
gevidade. “No atual ambiente de negócios, as car-
reiras não são mais lineares, o que exige uma for-
mação que também não seja linear”, diz.
Segundo Iwata, esse ambiente mais compe-
titivo demanda cada vez mais dos estudantes e
dos profi ssionais. Ele destaca que um recém-gra-
duado, com cerca de 20 anos, precisa chegar ao
mercado de trabalho com, pelo menos, uma pós-
graduação em andamento. “Com 40 anos, essa
pessoa terá duas pós-graduações, uma especiali-
zação e ainda seguirá buscando conhecimento. E,
nesse caminho, ela busca uma experiência educa-
cional diferente da tradicional.”
Ele avalia que a busca pela educação conti-
nuada ocorre porque os profi ssionais enfrentam

m um mundo do trabalho em que a noção de tempo parece seguir
em um ritmo cada vez mais acelerado, planejar a formação aca-
dêmica e, em seguida, a carreira profissional transformou-se em
um desafio para estudantes, profissionais que já estão no mercado
de trabalho e, consequentemente, para as instituições de ensino superior.
No caso das IES, o atual cenário impõe o monitoramento das mudan-
ças para garantir a oferta de cursos alinhados a esse “espírito do tempo”.
Processos contínuos de automação, desenvolvimento de ferramentas
de inteligência artificial, de aplicativos para smartphones e a expansão
do uso de big data têm gerado constantes debates sobre como serão, em
um período entre cinco anos e dez anos, as profissões que conhecemos
hoje, quantas ainda existirão e quais habilidades serão exigidas daqueles
que buscarão um espaço no mercado de trabalho ou uma nova carreira.

De 2013 a 2017, o
número de pessoas
com mais de 65 anos
matriculadas em cursos
de ensino superior
aumentou 46,3%,
segundo o Censo da
Educação Superior

Aluna do Centro de Inovação
e Criatividade da ESPM:
reconhecimento de que no atual
ambiente de negócios, as carreiras
não são mais lineares. A formação
tem que acompanhar o ritmo
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