Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

“Pravda” um artigo “explicando” os fatos e se desculpando
pelo excesso de alguns funcionários do partido que esta-
vam “embriagados com o sucesso de seu trabalho”.
O problema da coletivização foi que Stalin a empre-
endeu também como uma forma de acabar com os ku-
laks, a burguesia rural que tanta dor de cabeça vinha lhe
causando desde a época da Revolução. O ditador apro-
veitou para deportar milhares de kulaks para terras dis-
tantes e se apropriar de seus bens, que chegaram a 400
milhões de rublos.
Apesar de tudo isso, a coletivização acabou se conso-
lidando no decorrer da década de 1930. Em 1929, 4,1%
dos camponeses viviam em fazendas coletivas. No ano
seguinte, o índice chegou a 58%. Em 1938, a cifra era
de 93,4%.
Ao mesmo tempo, Stalin colocou a economia russa
nos trilhos da industrialização, o que se tornou o obje-
tivo maior de toda a nação. Ludo Martens, em seu ufa-
nismo e sua defesa à pessoa de Stalin, escreveu, na bio-
grafia sobre o líder soviético, palavras que poderiam ter


sido retiradas de um discurso de seu biografado da épo-
ca. Anotou ele sobre essa posição soviética de industria-
lização a qualquer custo: “A industrialização socialista é
a peça-chave da edificação socialista na União Soviética.
Tudo depende de seu êxito. A industrialização deve lan-
çar as bases materiais do socialismo. Ela permitirá trans-
formar radicalmente a agricultura à base de máquinas
e de técnicas modernas. Ela abrirá um futuro de bem-
estar material e cultural para os trabalhadores. Ela for-
necerá os meios de uma verdadeira revolução cultural.
Ela produzirá a infra-estrutura de um estado moderno e
eficaz. E somente ela poderá fornecer ao povo trabalha-
dor as armas modernas para defender sua independên-
cia contra as potências imperialistas agressivas”.
Da mesma forma, Stalin falou ao país em 1931 sobre
a importância da industrialização. “Desejais que nossa Pá-
tria socialista seja derrotada e que ela perca sua indepen-
dência? Nós nos retardamos em cinquenta anos sobre os
países avançados. Devemos percorrer esta distância em 10
anos. Nós o faremos, ou seremos esmagados”. O I Pla-
no Quinquenal abrangia também outros setores da socie-
dade soviética. Foram criadas escolas profissionalizantes
para preparar os trabalhadores para manusear máquinas
e equipamentos, programas de alfabetização foram insta-
lados e fábricas construídas nos Montes Urais. Além dis-
so, teve início um processo de construção de estradas e
rodovias para ligar as diversas cidades russas, a fim de fa-
cilitar o transporte e a movimentação em caso de conflito
com outros países. O símbolo do crescimento desse pri-
meiro plano acabou sendo a barragem do Rio Dnieper.
Outro ícone foi o mineiro Stakhanov, que, no entusiasmo
nacionalista em prol do país, chegou a superar em 1.300%
sua cota de produção. Depois dele, o termo “stakhanovis-
ta” passou a significar “operário padrão”.
Outras construções que indicam a melhoria da con-
dição russa foram o metrô de Moscou, a ferrovia Mos-
cou-Donets, o complexo industrial de Magnitogorsk e o
canal entre o Báltico e o Mar Negro.
No plano político, o assassinato de Kirov em 1934
mudou o modo de Stalin lidar de Stalin com os compa-
nheiros. Primeiro-ministro, Kirov foi morto por um estu-
dante que era acusado de pertencer a um grupo que pre-
tendia eliminar diversos nomes do partido bolchevique,
inclusive o de Stalin. Deu-se início ao stalinismo, período
que se caracterizou pelo endurecimento político do regi-
me, pela eliminação de toda e qualquer oposição e pela es-
timulação de um verdadeiro culto ao Estado e à persona-
lidade de Stalin.
A morte de Kirov acabou recaindo sobre velhos par-
ceiros que se tornaram inimigos de Stalin – Kamenev e
Zinoviev, que foram condenados a cinco e dez anos de
trabalhos forçados, respectivamente. O receio de ser eli-
minado criou em Stalin uma paranóia, uma mania de

Diversos camponeses


que não aceitavam a


“obrigação” de se


transferir para as fazendas


coletivas foram presos,


exilados e fuzilados. Houve


um excesso de violência


contra a população


que acabou gerando


discussão e incômodo


para Stalin, tanto que


ele chegou a publicar


no “Pravda” um artigo


“explicando” os fatos


e se desculpando


pelo excesso de alguns


funcionários do partido


que estavam “embriagados


com o sucesso de


seu trabalho”

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