perseguição que o levou a implantar planos de captura e
eliminação de “traidores do povo”.
Instaurou-se um período de perseguições, de censu-
ra e de terror. Eram as chamadas “depurações stalinistas”.
Muitos revolucionários, companheiros de Lênin da época
da Revolução, foram presos, banidos, torturados e mortos
pela repressão. Assim, grandes patriotas foram executados
como traidores da pátria. Todos aqueles que se opuseram
a Stalin em algum momento corriam risco de ser presos
e mortos. Já a historiografia pró-stalinista coloca que essa
perseguição tinha razão de existir, pois havia centenas de
infiltrados no partido a fim de miná-lo por dentro. A his-
toriografia ocidental vê nos expurgos uma forma de Stalin
se livrar de velhos companheiros contrários a seu modo de
governar e aos rumos dados por ele à Revolução. Um dos
opositores à sua administração foi o ex-amigo Bukharin,
teórico do partido que desenvolveu a ideia do socialismo
num único país.
Numa entrevista a jornalistas em Paris em 1936,
Bukharin deu a seguinte resposta quando perguntado
do porquê dos expurgos de tantos colegas da Revolução:
“Stalin se sente infeliz porque não consegue convencer
ninguém, nem a si próprio, de que é maior e mais pode-
roso do que todo mundo. Essa infelicidade talvez seja... o
último resquício de humanidade que ainda lhe resta. O
que não é humano, mas demoníaco, é que sua infelicida-
de o leve a querer vingar-se de todos... basta que alguém
fale com mais brilho ou clareza do que eles para que seja
fuzilado! Stalin jamais permitirá que continue vivo al-
guém que o faça ver que ele próprio não é o primeiro
ou o melhor”. Poucos dias depois, antes de voltar para
a União Soviética, Bukharin comentou com um amigo:
“Agora ele vai me matar”. De fato, Bukharin foi fuzilado
em 1938.
As contas finais dos expurgos stalinistas variam con-
forme a fonte. Falou-se de sete milhões a até mais de 20
milhões de mortos. Por exemplo, dos 140 membros elei-
tos em 1934 para o Comitê Central, apenas 15 estavam
em liberdade três anos depois. Um dos crimes mais en-
contrados no período foi o de “trotskismo”.
O Exército também sofreu sérias baixas com os expur-
gos. Cerca de um terço dos oficiais de alta patente foi eli-
minado, o que enfraqueceu de forma monstruosa a força
do Exército Vermelho, o que, em 1939, seria uma das ra-
zões para o pacto de não-agressão entre Stalin e Hitler.
As perseguições foram praticamente encerradas em
1938, bem ao estilo de Stalin. O chefe da polícia secreta,
responsável prático pelo terror instaurado, Nikolai Ye-
zhov, foi substituído por Lavrenti Beria e fuzilado. Beria
diria mais tarde que “Yezhov era um rato. Ele foi respon-
sável pela morte de muitos inocentes. Nós o fuzilamos
por isso”. Bem stalinista a saída, culpando e exterminan-
do outros que o serviram com lealdade.
As contas finais dos
expurgos stalinistas variam
conforme a fonte.
Falou-se de sete milhões a
até mais de 20 milhões
de mortos. Por exemplo,
dos 140 membros eleitos
em 1934 para o Comitê
Central, apenas 15 estavam
em liberdade três anos
depois. Um dos crimes
mais encontrados
no período foi
o de “trotskismo”
Lev Kamenev
AFP/ Roger Viollet