Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

Até sua morte, em 1953, Stalin colocou a URSS em oposição


aos demais países vencedores da guerra. Sua luta contra o


capitalismo o levaria a incentivar o comunismo em diversos


países no Leste Europeu e a polarizar o mundo com os Estados Unidos


concretos. Mal uma guerra acabava e outra já se molda-
va. Desta vez, com toques nucleares, já que os EUA pos-
suíam a bomba atômica e, em 1949, os cientistas russos
a desenvolveram também. O medo de um embate nucle-
ar entre as duas superpotências tomou conta do mundo.
Cada um desses protagonistas passou a trazer para seu
bloco os demais países. Os Estados Unidos ficaram com o
mundo ocidental; a URSS transformou o Leste Europeu
em satélites de Moscou e viu a revolução comunista chegar
à China. A partir de 1950, Stalin começou a se ausentar
de Moscou e do governo, mas, em compensação, crescia o
culto à sua imagem. Ele passou a ser figura onipresente em
toda parte, desde barbearias até cinemas e teatros.
Em 1951, extremo de seu egocentrismo e megaloma-
nia descontrolados, mandou construir uma estátua sua,
de corpo inteiro, para ser colocada no canal Volga-Don.
Editorial do “Pravda” em 1950 fazia referência aos “po-
deres” de Stalin. “Se você estiver com algum problema, se
encontrar alguma dificuldade no trabalho, se tiver algu-
ma dúvida quanto ao que é capaz de fazer, pense nele, em
Stalin, e se sentirá novamente forte e confiante. Acaso se
sentir cansado quando ainda há trabalho a ser feito, pen-
se nele, em Stalin, e encontrará novas forças. Se você es-
tiver em dúvida quanto a melhor decisão a tomar, pense
nele, em Stalin, e verá que é fácil decidir... ‘
Esse pensamento de confundir Stalin com o povo,
com o Estado soviético, era de fato algo inerente a ele.
Certa vez, o líder soviético brigou com seu filho Vassi-
li por este ter se aproveitado do seu nome. “Eu também
sou um Stalin”, teria o dito filho. E a resposta do ditador
foi a seguinte: “Você não é um Stalin e eu não sou Stalin.
Stalin é o poder soviético. Stalin é o que ele é nos jornais
e nos retratos, não você, nem mesmo eu!”.


A MORTE DE STALIN
Assim, cada vez mais ausente e menos aberto a pensar
num herdeiro, Stalin adentrou o ano de 1953. Doente e
avesso a remédios, acabou falecendo no início de março.
Sua morte ainda é tema de polêmica, com alguns histo-
riadores questionando os fatos. Outros apontam mesmo
que Stalin foi envenenado. Mas as evidências são todas
mesmo de que o grande líder morreu em decorrência de
um derrame.
Na manhã de domingo do dia 1o de março, Stalin não
levantou na hora costumeira. Os empregados e demais


funcionários estranharam que ele não deixara o quarto
o dia todo, mas estavam receosos de bater e entrar em
seus aposentos. Apenas às 22h30 resolveram entrar e ver
o que havia acontecido. Foi aí que se depararam com Sta-
lin caído ao chão de pijamas. Havia tido um derrame.
O estado médico dele era um segredo para todos
desde quando tivera seu primeiro derrame em 1945.
Ele mandara queimar seu dossiê médico. Apesar de ve-
rem que Stalin tivera um derrame, os médicos não fo-
ram chamados, mas, sim, os superiores do partido, com
Kruschev e Bulganin. Receosos de que a doença chegas-
se à imprensa, retardaram chamar uma junta médica,
que só avaliou Stalin no dia 2 de março. A opinião de di-
versos médicos foi unânime. O líder vivia uma situação
crítica – havia tido uma hemorragia no lado esquerdo
do cérebro, causada por pressão arterial alta e arterios-
clerose – cujo fim seria a morte em questão de dias.
No dia 5 de março, em reunião do partido, Malenkov
foi conduzido ao cargo de Presidente do Conselho de
Ministros. Na ocasião, um relato médico da saúde de
Stalin foi lido. Ao fim da reunião, os principais nomes
do partido chegaram em tempo na casa de Stalin para
ouvir do médico, às 21h50, que o líder estava morto.
Talvez tenha sido um alívio a morte dele. A URSS
parecia que seguiria novos rumos com a saída de cena de
seu maior líder e construtor da nação. Em 1956, Krushev
seria conduzido a chefe da nação e, no XX Congresso do
Partido, faria as revelações sobre as atrocidades de Sta-
lin. Era o rompimento oficial com o passado stalinista.
Uma nova geração de russos chegava ao poder.

Stalin morto em 1953

AFP
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