Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

trabalhadores de Treblinka II eram
alemães e ucranianos, havendo en-
tre eles, também, prisioneiros ju-
deus. Enquanto os dois primeiros
grupos eram responsáveis pela vigi-
lância, pela brutal disciplina e pela
operação das câmaras de gás, os ju-
deus realizavam as tarefas mais pe-
sadas. Entre elas, estava a de separar
as roupas e os objetos de valor dos
mortos. Eles também eram obriga-
dos a jogar nos fornos crematórios,
ou em valas abertas, os cadáveres
que outros prisioneiros judeus re-
tiravam das câmaras de gás. Nessa
tortura psicológica, eles muitas ve-
zes, reconheciam entre os pertences,
ou entre os corpos, parentes, filhos,
amigos e vizinhos. Em Treblinka, a
expectativa de vida dos internos não
ia além de poucas semanas.


O campo de extermínio come-
çou a operar com três câmaras de gás,
chegando em pouco tempo a seis. De
julho de 1942 a abril de 1943, apro-
ximadamente 870 mil pessoas mor-
reram no local. Em sua grande maio-
ria, os judeus eram friamente assas-
sinados, poucas horas depois de sua
chegada. No entanto, com a aproxi-
mação das forças aliadas, no outo-
no de 1943, os alemães começaram a
evacuar o campo. Berlim deu ordens
para que Treblinka, assim como ou-
tros locais, fosse totalmente destruí-
dos. Os nazistas não queriam deixar
provas da existência ou das ativida-
des do local. O processo de desativa-
ção foi sendo percebido pelos prisio-
neiros judeus, à medida que o núme-
ro de transportes diários diminuía e
aumentava o volume das cremações


dos corpos jogados nas valas. As co-
vas coletivas eram fechadas como se
jamais tivessem existido.
Foi nesse contexto que o levante
começou a ser planejado. O objetivo
era permitir a fuga do maior número
possível de prisioneiros, além de ten-
tar destruir as instalações mortíferas
e eliminar tantos guardas quanto fos-
se possível. Os idealizadores da revol-
ta apostaram que, quando o levante
eclodisse, centenas de judeus se uni-
riam ao movimento e lutariam contra
seus carrascos. Os preparativos inclu-
íam a obtenção de algumas armas –
inicialmente, subornando guardas
ucranianos e, posteriormente, rou-
bando-as. Para isso, os prisioneiros
conseguiram, engenhosamente, as
chaves do depósito de munições.
Em julho de 1943, o comandan-

te de trabalho do campo, Carl Gustav
Farfi, precisou de uma cirurgia que
acabou sendo feita pelo médico judeu
Julian Choransky. Durante a cirurgia,
a chave do depósito de munições do
campo foi roubada e copiada. Mas,
apesar de ter sido uma figura-chave
no levante, Choransky não participou
do movimento. Mesmo tendo opera-
do Farfi, o médico foi mandado às câ-
maras de gás logo depois da cirurgia.
Em 2 de agosto de 1943, às 15h35,
começou o levante em Treblinka. A
data foi marcada para coincidir com a
chegada do trem que traria quatro mil
judeus ao campo. O plano foi coloca-
do em prática na noite anterior, quan-
do Eliahu Grinsbach roubou do depó-
sito de armas três pistolas e dez grana-
das que seriam usadas para dar início
à revolta. Eram poucas armas para en-

frentar os nazistas, mas, se um núme-
ro maior delas desaparecesse do de-
pósito, isso poderia chamar a atenção
dos guardas. Foi combinado, então,
que, assim que a ação começasse, um
grupo de rebelados conseguiria mais
armamentos. Os responsáveis pela re-
volta dividiram-se em vários grupos,
cada um encarregado de uma missão
específica. Todos tentariam envolver o
maior número de judeus na luta.
No dia seguinte, com a chegada do
trem à plataforma de Treblinka, eclo-
diu o levante. O sinal foi dado quando
o prisioneiro judeu Josef Gross lançou
uma granada de mão sobre os guardas
de uma das torres de vigilância. Simul-
taneamente à explosão, Gross atirou
num oficial da SS, o vice-comandante
do campo Kurt Hubert Franz, que es-
capou e ordenou ao seu cão que atacas-

se o prisioneiro. O esquálido Gross foi
estraçalhado. Antes mesmo que Franz
pudesse perceber o que estava aconte-
cendo e dar o alarme para os guardas
ucranianos, os judeus começaram a ati-
rar e incendiaram algumas construções.
A desproporção entre as partes
era gritante – de um lado, homens
pobremente armados, subnutridos e
psicologicamente abalados, e, do ou-
tro, soldados do Terceiro Reich, bem-
-alimentados, treinados e armados.
O portão principal foi derrubado por
uma explosão. Outras atingiram as
torres de observação. As portas do
depósito de armas foram arrombadas
pelos revoltosos, que distribuíram os
armamentos a seus companheiros.
Centenas de pessoas tentaram des-
truir a cerca e fugir, mas a maioria foi
morta pelos guardas, que começaram

O Holocausto foi levado a cabo metodicamente


em, virtualmente, cada centímetro do território ocupado


pelosnazistas. Os judeus e outras vítimas foram


perseguidos e assassinados brutalmente

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