Por Claudio Blanc
O que teria acontecido
no Führerbunker
O
Führerbunker, literalmente “abri-
go do líder”, era um complexo
subterrâneo de apartamentos, es-
critórios e outras instalações lo-
calizado em Berlim. Na verdade, tratava-se de
dois bunkers conectados, construídos em níveis
diferentes, a uma profundidade de 8,2 metros
debaixo dos jardins da Chancelaria do Reich.
O complexo era protegido por cerca de quatro
metros de concreto e tinha algo em torno de 30
quartos distribuídos por dois níveis, com acesso
aos prédios principais da Chancelaria e uma sa-
ída de emergência para o jardim. O bunker foi
erguido em duas fases – a primeira em 1936,
apenas três anos depois de Hitler ter chegado
ao poder, e em 1943, quando já se sabia que a
Alemanha perderia a Guerra – pela construto-
ra Hochtief, uma multinacional que atua tam-
bém no Brasil. Era parte de um grande progra-
ma de construções subterrâneas iniciadas em
1940 em Berlim. A ideia era proteger a capital
alemã dos inevitáveis bombardeios.
Os aposentos de Hitler ficavam na seção
mais nova – e mais profunda –, decorados
com móveis raros e pinturas a óleo. O ditador
se mudou definitivamente para lá em janei-
ro de 1945, quando os Aliados pressionavam
na frente ocidental e os soviéticos, na orien-
tal. Desde então, o Führerbunker se tornou seu
quartel-general, de onde governou um Tercei-
ro Reich que se desmoronava rápida e inevita-
velmente.
Foi no Führerbunker que Adolf Hitler e sua
esposa, Eva Braun, cometeram suicídio, quan-
do os soviéticos romperam as defesas de Berlim.
O FIM DO FÜHRER
No final de abril de 1945, os soviéticos já
entravam em Berlim e abriam caminho numa
encarniçada guerra de rua para chegar até o
centro da cidade, onde estava a Chancelaria.
No dia 22, durante uma das conferências sobre
a situação militar que Hitler tinha com seu Es-
tado Maior, o Führer apresentou o que alguns
historiadores descreveram como um “esgota-
mento nervoso”. O evento marcou o momento
em que, pela primeira vez, o obstinado líder na-
zista admitiu que a derrota era inevitável.
Alguns de seus auxiliares haviam sugerido
que ele fugisse para as montanhas da Bavária.
Certos pesquisadores chegam a mencionar que
Hitler poderia ter se escondido na América do
Sul e se mesclado a alguma das diversas colô-
nias alemãs existentes no Brasil, na Argentina
e no Chile, como fizeram muitos líderes nazis-
tas depois da Guerra, inclusive Josef Mengele.
O inventor do Nazismo, porém, escolheu dar
cabo da própria vida.
Com isso em mente, Hitler consultou
Werner Haase, seu médico pessoal, que reco-
mendou a ingestão de uma cápsula de ciane-
to – um veneno ironicamente também usado
nas câmeras de gás dos campos de extermínio
- e, ao mesmo tempo, desferimento um tiro na
própria têmpora.
O Führer tinha um estoque de cápsulas de
cianeto fornecidas pela SS. No entanto, quan-
do, em 28 de abril, ele descobriu que Heinrich
Himmler, comandante da SS, o havia traído e
tentava negociar a paz com os Aliados, descon-
fiou de que as cápsulas não teriam o efeito de-
sejado. E isso fez que o líder ficasse paranóico.
Para atestar a eficácia do veneno, pediu a Ha-
ase que o desse à sua cachorra, a pastor alemã
Blondi. O animal, que, desde que lhe fora dado
de presente em 1941, o acompanhava a todos
os lugares, serviu seu dono pela última vez.
Haase fez o que seu paciente pediu, e Blondi
morreu. As cápsulas eram realmente eficazes.
Depois da meia-noite de 29 de abril, Hi-
tler se casou com Eva Braun, uma modelo 23
anos mais jovem, que ele havia conhecido em
1929 e que tinha sido sua amante desde 1931.
Apesar do longo relacionamento, o Adolf se
recusava a casar com ela. Foi somente nos úl-
timos instantes que mudou de ideia. A peque-
na cerimônia civil aconteceu no escritório de
mapas do Führerbunker.
Certos pesquisadores
chegam a mencionar
que Hitler poderia
ter fugido para a
América do Sul e se
mesclado a alguma
das diversas colônias
alemãs existentes
no Brasil, na Argentina
e no Chile, como
fizeram muitos
líderes nazistas depois
da Guerra, inclusive
o famigerado “Anjo
da Morte”,
Josef Mengele
De acordo com o historiador britânico,
Anthony Beevor, depois de uma modesta ceia
de casamento, Adolf Hitler chamou a jovem
secretária Traudl Junge e ditou a ela seu testa-
mento e suas últimas vontades. O Führer as-
sinou esses documentos às 4h daquela mesma
madrugada e se retirou para seu quarto.
Sem nunca deixarem o bunker, Hitler e
Eva viveram como marido e mulher menos de
40 horas. No final da manhã de 30 de abril,
as forças soviéticas haviam chegado a menos
de 500 metros do abrigo do líder. Acuado, o
Führer se reuniu com o comandante encarre-
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