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A Páscoa é um quase cristal
A Páscoa cai no primeiro domingo após — mas não no mesmo dia — a primeira lua
cheia que ocorre no, ou depois do, equinócio da primavera no hemisfério Norte, que,
por convenção, considera-se que seja no dia 21 de março, mesmo quando não é... E
não é a Lua real, e sim uma ficção eclesiástica... Ah, droga, acho melhor prevermos
a data do Natal.
A minha primeira coluna “Recreações Matemáticas” para a Scientific American foi sobre o
teorema do Natal, de Fermat. Com a chegada da Páscoa, achei que seria apropriado dedicar a
minha 96a e última coluna à Páscoa. Este capítulo se baseia nesta coluna.
O Natal sempre cai no dia 25 de dezembro, portanto não é difícil calcular sua data... Mas
com a Páscoa é outra história. Ela pode cair em qualquer data entre 22 de março e 25 de abril,
um período de cinco semanas. A Igreja Católica primitiva bolou seus próprios métodos para
calcular a data da Páscoa.
Os matemáticos entraram em cena quando Carl Friedrich Gauss, habitualmente
considerado o maior matemático de todos os tempos, inventou um conjunto simples de regras
para determinar essa data, bastando sabermos o ano em questão. Infelizmente, o trabalho de
Gauss continha um pequeno deslize, que fazia com que, no ano 4200, a data fosse 13 de abril,
quando na verdade deveria ser no dia 20 de abril. Ele corrigiu esse erro manualmente, em sua
cópia do artigo publicado.
O primeiro procedimento correto e puramente matemático foi apresentado em 1876 por um
matemático norte-americano anônimo na revista científica Nature. Em 1965, Thomas H.
O’Beirne publicou dois procedimentos semelhantes em seu livro Puzzles and Paradoxes, e
vou descrever um deles a seguir. Mais recentemente, o cristalógrafo Alan MacKay (University