Por Almiro dos Reis Neto*
Não há mais dúvidas de que a cultura de uma
empresa está intimamente ligada aos resultados
e, portanto, à estratégia. E vice-versa
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REPENSAR
gestão da cultura organizacional tem evoluí-
do significativamente nas últimas décadas:
inicialmente um tema da sociologia, e con-
siderado de baixo ou nenhum impacto nas
organizações, é atualmente um dos temas mais estu-
dados e lecionados nos cursos de administração. No
entanto, por ser muito amplo e complexo, ainda não é
totalmente compreendido.
A cultura organizacional, até recentemente conside-
rada imutável, é atualmente vista como um elemento
estratégico e, portanto, gerenciável, sendo parte inte-
grante e fundamental não só do dia a dia, mas também
da discussão do futuro das organizações.
A palavra cultura tem origem no latim, de colere,
com o significado original emprestado da agricultura:
cultivar e colher. O sentido original é utilizado até hoje
como referência, por exemplo, à “cultura do algodão
ou do feijão”. Com o passar do tempo, foi feita uma
analogia entre o cuidado com o plantio e o desenvol-
vimento das capacidades intelectuais e educacionais
das pessoas. A etimologia evoluiu, assim, para tam-
bém abarcar o sentido de conjunto de conhecimento
de um povo e de uma época. Em certo momento, o
termo designou especificamente algumas culturas que
marcaram a história, como a do império romano ou a
francesa do século 18.
No sentido de cultura de um povo, a palavra “cultu-
ra” carrega dentro de si a ideia de transmissão de ideias
e valores. Fernando Lanzer [no livro Cruzando Cultu-
ras sem ser atropelado, da Editora Évora] descreve que
“o termo cultura era usado sempre como sinônimo de
erudição, de educação. Dizer que o fulano tem muita
cultura significava dizer que fulano era uma pessoa
que conhecia muitas coisas, geralmente ditas sofistica-
das, como artes e música clássica”.
Até meados do século 20, cultura e gestão não
eram conceitos que andassem juntos. Foi a partir
dos anos 1970 que quatro fatores colocaram o tema
da cultura definitivamente para dentro das organi-
zações: a ascensão econômica do Japão; a globaliza-
ção; as fusões e aquisições (F&A); e a complexidade
e a volatilidade da economia. (...)
A
LIVRO