Women's Health - Brasil - Edição 118 (2019-08)

(Antfer) #1

É TEMPO DE


CONGELAR
Os tratamentos
corporais e faciais mais
legais, que usam a
tecnologia do frio para
destruir a gordura e nos
manter reluzentes
CONGELAMENTO
DE GORDURA CRYOLIPO
Esse tratamento não
cirúrgico congela os
adipócitos, então eles
cristalizam e são
naturalmente eliminados
do corpo nas semanas
seguintes.

DERMAROLLER
Um rolo facial que
deve ser armazenado
no freezer e deslizado
em seu rosto para uma
pele com mais viço.

CRIOTERAPIA
Você não vai acreditar
o quanto é bom dançar
num chuveiro de ar gelado
futurístico por três
minutos, a 120°C negativos.
Pessoas que fazem isso
com frequência insistem
que saem eufóricas e com
a pele mais macia e
rejuvenescida.

UM PÉ DE


CADA VEZ
Acha que não
aguentaria um banho
gelado no meio do
inverno? Veja outras
maneiras de entrar em
contato com o frio
CHUPE GELO PARA
QUEIMAR CALORIAS
A ingestão de um litro
de gelo ao longo do dia
queima cerca de 240
calorias. Mas nada de fazer
barulho ao mastigar gelo
no escritório, por favor.

LIVRE-SE DELA
Apenas 15 minutos
tremendo de frio
aumentam o hormônio
irisina (que transforma
gordura branca em
marrom), o que equivale
a uma hora de exercício.
Ao contrário do que mães
indicam, deixe o casaco
de lado no caminho
de volta para casa.

TOME UM
BANHO GELADO
Um banho gelado pela
manhã vai aumentar sua
quantidade de leucócitos
quando comparado à de
pessoas que tomam
banhos quentes.

tomar o pouco habitual
banho gelado para ter
benefícios duradouros.
Essa é a orientação do
biólogo molecular Nikolai
Shevchuk, da Rússia, que
propõe tomar um banho frio
por três minutos seguido de
um banho quente por cinco
minutos como tratamento
para depressão. “Quando o
sistema nervoso simpático
[de novo, a resposta de luta
ou fuga] é ativado, libera-se
beta-endorfina, que, como
sabemos, possui um efeito
elevador do humor”, explica
Nikolai. Esse é o processo
associado à “euforia do
corredor” e o motivo pelo
qual os pesquisadores
acreditam que exercícios
físicos podem aliviar os
sintomas da depressão.
“Além disso, devido à alta
densidade de receptores
para o frio na pele, uma

quantidade enorme de
impulsos elétricos vão
das terminações nervosas
periféricas até o cérebro,
o que também poderia
resultar num efeito
antidepressivo”,
acrescenta Nikolai.
Se você quiser
testemunhar uma evidência
informal disso, assista ao
recente documentário
estadunidense The Doctor
Who Gave Up Drugs
[O Médico Que Desistiu
de Remédios, em tradução
livre] e veja uma paciente
de 25 anos que trocou
as medicações
antidepressivas por um
esquema de natação em
água gelada, com incríveis
resultados positivos.

CONGELANDO
PARA VIVER
O depoimento dela não
é o único que encontramos
de pessoas que se
converteram à água gelada.
Basta perguntar a qualquer
entusiasta do nado ao ar
livre sobre como a água
congelante mudou sua
vida e vamos ouvir
várias alegações.
Eu também percebi
que meu humor melhorou
e ficou estabilizado. Para
mim, que luto contra a
ansiedade e uma depressão
periódica, nadar no mar me
faz sentir que encontrei a
ferramenta psicológica que
vinha buscando a vida toda.
E, apesar de, tecnicamente,
minha nova rotina de
exercício cardiovascular
ficar muito abaixo da
queima de mais de 700
calorias do meu antigo
treino intervalado de
alta intensidade, eu
perdi 3 kg em um mês.
Trocar a academia pelo
mar trouxe ainda mais
benefícios inesperados:
uma pele macia como seda
e sem celulite, um rosto
mais radiante e menos
resfriados. Sim, eu sou

daquelas pessoas chatas
que jura que, desde que
abraçou a água fria, não
fica mais doente. Parece
implausível? Então fique
sabendo disto: em um estudo
feito por cientistas tchecos,
voluntários ficavam imersos
em água a 14°C por uma hora,
três vezes por semana, sendo
monitorados. Os resultados
mostraram que o estímulo da
água gelada ativou o sistema
imunológico, fortalecendo-o
ao proporcionar a ele um
pouco de treino (Mark
ressalta que a hipotermia,
exposição prolongada ao
frio, é algo totalmente
diferente: ela enfraquece
o sistema imunológico).
A exposição súbita às
baixas temperaturas
também aumenta os níveis
de antioxidantes no sangue
e faz com que os níveis de
ácido úrico plasmático
despenquem, segundo
bioquímicos da Humboldt-
Universität (Alemanha)


  • e a alta concentração
    desse ácido está associada
    a doenças cardiovasculares
    e diabetes tipo 2.
    E se essa é a estratégia
    no longo prazo, a vitória
    imediata é me sentir uma
    sereia durona no restante
    do dia após um banho de mar
    no frio. Um amigo descreve
    o bem-estar pós-natação
    como “aquele sentimento
    de super-herói”. E nós não
    somos os únicos. O livro
    Leap In [em tradução livre,
    Pule de Cabeça], da autora
    Alexandra Heminsley, é um
    relato altamente pessoal
    sobre como a natação em
    mar aberto mudou sua vida.
    “Após meses de medicação
    para fertilização in vitro e
    me sentindo uma estranha
    em meu próprio corpo, a
    natação em água gelada me
    fez voltar ao meu antigo
    eu. Ela me fez lembrar de
    que sou capaz – assim
    como todos nós – de fazer
    muito mais do que
    eu esperava.”


“Do ponto de vista
fisiológico, nosso organismo
quer estar em um ambiente
arejado, em torno de 27°C.
A imersão em água gelada é o
mais longe das nossas origens
evolutivas que podemos
chegar. É por isso que ela
desencadeia uma resposta
de luta ou fuga poderosa”,
explica Mike. “E, da
perspectiva psicológica, temos
um resultado muito positivo
com a confrontação e
superação de um desafio.”
É claro que o primeiro
desafio é aprender a aceitar o
frio e resistir aos primeiros
segundos que nos tiram o
fôlego e nos deixam confusos.
Porque eles passam e o que
vem depois vale a pena. Eu
sempre vi o frio como um
inimigo. Agora percebo
que ele talvez seja meu
melhor amigo. •

Agosto 2019 / WOMEN’S HEALTH 63


SAÚDE


FOTO: SHUTTERSTOCK

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