REVISTA VOO LIVRE Nº 21 - 2ª VERSÃO

(MARINA MARINO) #1

detemasvariadosdentrodasvivênciastãoparticularesdessaregiãodopaís.Sãoseistambém
ospoemasdohomenageado,Apolinário,poetasantarensefalecidoem 2020.


Aobraédetamanhaimportância–alémdeagradáveleimpactanteleitura–paraadivulgação
dos poetas deSantarém, terceiromunicípiomaispopuloso doestado doPará edefundamental
importância aos brasileiros que queiram conhecer a alma santarena. Mais do que isso: a alma
tapajônica.Maisainda:aalmaamazônica.Almaderioedemata,quecompõemeenriquecemnosso
país.


preconceitossobreesta fasedavida.
Masserámesmoaidade cronológica
a única responsável por tudo o que
virá? E as experiências, os saberes
acumulados, as vivências, a forma
como se viveu e administrou a
própriavida,nãocontam?
Sentei-me então sobo guarda-
sol,precisava refletir,pensarsobreo
que estava por vir que, de certa
forma, me assustava. Minhapele, os
cabelos,ocorpo,oandar,avitalidade,
tudo mudaria. A questão era se eu
estavaprontaparaisso.
Coloqueiumpunhado deareia
branca, seca pelo sol, em minhas
mãos e apertei bem forte, como se
quisesse guardar minha história,
manter-me agarrada ao que vivi, ao
que passou, ao que fui... A areia
começou a escorrer por entre os
dedos, pedindo-me para que eu a
deixasse fluir, como a vida fluiria a
partirdali.
Umadata não tem o poderde
mudarascoisasinstantaneamente,é
certo,masaqueledianapraiafoium
marcadordetempoparamim.Depois
dele, nada mais foi como antes,não
pela chegada da idade, mas pela
reflexãoquemeproporcionou.

Não vou te enganar, as
mudançaschegamsim,maselasvêm
aos poucos, talvez já estivessem a
caminho, muito antes dos sessenta
anos. Mudamos bastante por fora,
masmuito maioressãoasmudanças
no lado de dentro, intensas e
profundas. Parece que um novo
processo se instala dentro dagente,
quando os sessenta chegam, e
começamos a desconstruir o que
tínhamosconstruídoatéentão.Como
se tudo o que construímos na vida
estivesse sobre a areia e agora se
dissolvessenaságuasdomar.
Sessentar não épara qualquer
um. Você tem que estar totalmente
aberto ao novo, ao inesperado, ao
inevitável, porque tudo vem numa
verdadeiraavalanche, e vocêprecisa
acolhereaceitardebraçosabertos.E
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