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06/07.19
Bem-estar
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Quer acabar com seu dia?
Pule o café da manhã
SEGUNDO ESTUDOS, DEIXAR O DESJEJUM DE LADO AUMENTA A CHANCE
DE PROBLEMAS CARDÍACOS E PODE ATÉ ENGORDAR
POR RICARDO AMPUDIA
VOCÊ É DO TIPO que sai de casa apressado,
para trabalhar ou treinar, e simplesmente
pula o café da manhã? Ou você é do tipo
que faz jejum até a hora do almoço para
ajudar a perder uns quilinhos?
Temos uma boa e uma má notícia. A
má é que pular o desjejum aumenta suas
chances de ter doenças cardíacas graves e
infl amações – e faz pouquíssima diferença
na dieta. A boa é que sempre dá tempo de
mudar seus hábitos.
Uma pesquisa publicada recentemente
no periódico da Associação Americana de
Cardiologia concluiu que pular o café da
manhã aumenta em até 85% as chances
de morte por doenças coronárias. Foram
analisados 6.550 participantes por
23 anos. O estudo é considerado um
dos mais conclusivos sobre o tema, mas
outras pesquisas já apontavam para essa
direção. A Faculdade de Saúde Pública
de Harvard, nos EUA, publicou em 2013
um artigo no qual concluía que homens
que não fazem a primeira refeição do dia
têm até 27% mais chances de sofrer um
ataque cardíaco.
Os cientistas analisaram os hábitos
alimentares de 26.902 homens, entre 45 e
82 anos, por 16 anos. Destes, 1.572 tiveram
algum tipo de problema cardíaco. Mesmo
cruzando dados de outros maus hábitos,
como tabagismo e vida sedentária, o jejum
matinal persistiu em todos os casos.
A refeição logo cedo, em especial aquela
mais rica em carboidratos complexos e
alimentos frescos, contribui para uma melhor
disposição durante o dia e para equilibrar o
metabolismo. “Temos um gasto energético
que respeita o ciclo circadiano. A manhã
é a hora em que precisamos de um maior
aporte energético”, diz a nutricionista Andrea
Zacccaro, presidente da Associação Brasileira
de Nutrição Esportiva. Nos últimos anos,
popularizou-se entre atletas o treino em
jejum. Segundo a nutricionista, a técnica não
traz muitos ganhos para os atletas. Simula
situações de estresse no organismo, como
treinos de ultramaratona, em que a pessoa
quer buscar o limite do corpo e aprender a
funcionar naquela situação.
“Não há evidências de que funcione para
melhorar a performance ou a saúde em geral,
não há publicações densas que garantam os
resultados de treinar em jejum. Nos casos
de preparar o organismo para situações
extremas, é preciso ser muito bem conduzido
e orientado. O risco é maior do que o
resultado quando não há acompanhamento
adequado”, explica Andrea.
Evitar o café da manhã com a
intenção de perder peso, segundo a
ciência, não funciona. Pelo contrário,
comer logo cedo é que ajuda. Cientistas
da Universidade do Alabama em
Birmingham, nos EUA, levantaram a
hipótese após revisar 92 estudos sobre
o tema e testar, por 16 semanas, 309
indivíduos. Eles não encontraram
nenhuma diferença no ritmo de perda de
peso entre o grupo que comia logo pela
manhã e os que pularam a refeição.
Em um outro estudo, da Universidade
de Bath, na Inglaterra, foram analisados
ciclistas que se alimentavam uma
hora antes do pedal e se descobriu que
houve um aumento na taxa de queima
de carboidratos durante o exercício
e na digestão e metabolização desse
macronutriente na refeição pós-treino.
“Não é só o carboidrato ingerido na
primeira refeição que é queimado. O
carboidrato acumulado nos músculos
na forma de glicogênio também teve a
taxa de queima aumentada no exercício
pós-desjejum”, diz Ron Edingburgh,
um dos autores do estudo, ao periódico
científico Science Daily.
Outra linha levantada por
pesquisadores, mais simples, é a de que
indivíduos em jejum tendem a comer mais
na hora do almoço, o que pode ajudar no
ganho de peso.
Para os cientistas, o melhor é você
desfrutar de um tempo para si e tomar seu
café da manhã com calma, priorizando
alimentos frescos e evitando os
ultraprocessados, sem se esquecer de uma
fonte de carboidrato, como frutas e cereais
integrais. Dê um bom dia para seu corpo.
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