Manual de Cardiologia - Pedro Ivo de Marqui Moraes

(Antfer) #1





QUADRO CLÍNICO


A miocardite pode ser assintomática ou oligossintomática, apresentar dilatação e
disfunção ventricular (aguda ou subaguda), com manifestações clínicas de insuficiência
cardíaca congestiva (ICC) descompensada em todos os graus de gravidade. Pode
mostrar, também, precordialgia – mimetizando doença coronariana, sobretudo em
pacientes com miopericardite –, palpitações (arritmias supraventriculares ou
ventriculares), síncope/lipotimia e ocasionar morte súbita. A miocardite por
hipersensibilidade tem como sintomas rash cutâneo, febre e eosinofilia periférica.
A miocardite de células gigantes é associada a timoma e/ou distúrbios autoimunes,
além de taquicardia ventricular ou bloqueios avançados (também presentes com
sarcoidose).


DIAGNÓSTICO


O quadro clínico é bastante variado, de pacientes oligossintomáticos a manifestações
de insuficiência cardíaca, taquiarritmias e morte súbita. Pode haver relato de prévia
infecção respiratória, gastrintestinal ou viral sistêmica em cerca de 30% dos pacientes.
A confirmação diagnóstica só é possível por meio da análise histológica obtida pela
biopsia endomiocárdica do ventrículo direito (VD), que fica reservada para casos
selecionados. Exames como ressonância nuclear magnética (RNM) cardíaca
contribuem muito para auxílio diagnóstico.
Algoritmo sugerido: com suspeita clínica → a
biomarcadores/eletrocardiografia/ecocardiografia/RNM → à exclusão de coronariopatia
→ à biopsia de ventrículo direito nos casos de indicação classe I ou II.


Exames


Entre os exames laboratoriais estão:


Investigação de doenças inflamatórias sistêmicas (grau de recomendação e
evidência I C)
Troponina como diagnóstico e prognóstico em miocardite aguda (IIa B)
Marcadores inflamatórios inespecíficos (proteína C reativa, velocidade de
hemossedimentação [VHS], leucometria) (IIa C)
Sorologias virais (IIb B).
É importante ressaltar que, ao contrário da síndrome coronariana aguda, a elevação
de troponina e creatinofosfoquinase fração músculo-cerebral (CK-MB) em miocardites
tende a manter um platô por mais tempo antes da queda de seus níveis séricos.
Entre os exames complementares estão ECG, ECO, RNM cardíaca,
angiotomografia (angioTC) de coronárias, cintilografia miocárdica e biopsia
endomiocárdica (Tabela 16.2).

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