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Capítulo 22
ANGINA ESTÁVEL
Gardênia da Silva Lobo e
Leandro Caetano Pimentel
INTRODUÇÃO
Angina estável (AE) é uma síndrome clínica caracterizada por dor ou desconforto no
tórax e/ou em áreas adjacentes, como dorso, epigástrio, membros superiores, ombros
e mandíbula, desencadeada por isquemia miocárdica transitória. Ocorre por
desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio miocárdico e é tipicamente induzida
por estresse físico ou emocional, e aliviada após o repouso ou uso de nitratos.
A prevalência de angina estável aumenta com a idade em ambos os sexos: 5 a 7%
em mulheres de 45 a 64 anos a 10 a 12% em mulheres de 65 a 84 anos; nos homens,
ocorre em 4 a 7% entre os 45 e 64 anos e 12 a 14% dos 65 aos 84 anos.
A dor torácica anginosa acomete pacientes com isquemia miocárdica, em sua
maioria com obstrução coronariana significativa, cuja principal causa é a doença
aterosclerótica coronariana. Entretanto, a angina pode surgir sem obstrução
coronariana significativa, em razão da redução da oferta e/ou do aumento da demanda
de oxigênio. São exemplos: doença cardíaca valvar, disfunção microvascular,
cardiomiopatia hipertrófica ou dilatada, hipertensão arterial não controlada,
vasospasmo, síndrome X, hipertermia, hipertireoidismo, uso de simpaticomiméticos (p.
ex., cocaína), taquiarritmias, anemia, hipoxemia etc.
A síndrome X acomete principalmente mulheres com angina, nas quais não existem
obstruções à angiografia coronária. Mesmo sem obstruções nas artérias, estas têm
comportamento inadequado para o fluxo, tanto as epicárdicas quanto a
microcirculação, o que é suficiente para provocar isquemia miocárdica. Isso pode ser
verificado por meio do teste ergométrico ou pela cintilografia de perfusão miocárdica
(CPM).
CLASSIFICAÇÃO CANADIAN CARDIOVASCULAR SOCIETY
Segundo a Canadian Cardiovascular Society (CCS), a angina pode ser classificada em:
Classe I (CCS I): atividade física habitual, como caminhar e subir escadas, não