Manual de Cardiologia - Pedro Ivo de Marqui Moraes

(Antfer) #1

acarreta bradicardia. Anti-inflamatórios não esteroides (AINE) podem ser associados.
A artrite é tratada com AINE. Opções: naproxeno, 500 mg 2 a 3 vezes/dia, ou ácido
acetilsalicílico (em altas doses – 80 a 100 mg/kg, para crianças, e 4 a 6 g, para adultos,
divididos em quatro doses). Casos refratários podem ser tratados com corticoides. Em
geral, a artrite dura de 4 a 6 semanas.
Com coreia de Sydenham, há hiperatividade dopaminérgica e diminuição do ácido
gama-aminobutílico (GABA). O tratamento constitui em ácido valproico (agonista
gabaérgico) e reserpina. Em casos refratários ou graves, indica-se haloperidol
(antagonista dopaminérgico). Manifestações cutâneas não têm tratamento específico.
A profilaxia primária consiste na erradicação do S. pyogenes e deve ser iniciada em
até nove dias a partir da suspeita de faringoamigdalite. Penicilina benzatina (dose única
IM) é a droga de escolha. Empregam-se 600.000 UI em pacientes com menos de 20 kg
e 1.200.00 UI naqueles com peso igual a 20 kg ou mais. Penicilina V ou amoxicilina
podem ser usadas, com tratamento por 10 dias. Eritromicina, azitromicina ou
clindamicina podem ser utilizadas em pacientes com alergia à penicilina.
Para portadores de valvopatia crônica reumática, a base do tratamento é instituir
profilaxia secundária por tempo correto para minimizar novos surtos reumáticos e
deterioração das funções valvar e cardíaca. Preferencialmente, utiliza-se penicilina
benzatina (mesma dose da utilizada para profilaxia primária) e, em alérgicos, emprega-
se sulfadiazina diariamente (500 mg, VO, para < 30 kg e 1 g, VO, para > 30 kg).
Havendo alergia a ambas, recomenda-se eritromicina (250 mg, VO). A duração da
profilaxia dependerá do grau de acometimento cardíaco (Tabela 34.1). Ressalta-se
que, nos dois primeiros anos após o evento, a profilaxia deve ser feita a cada 15 dias,
em razão da maior chance de recorrência da febre reumática nesse período. Depois,
deve ser feita a cada 21 dias. Cirurgias de trocas valvares não dispensam a
necessidade de profilaxia secundária.


Tabela 34.1 Duração da profilaxia secundária.


Grau de acometimento cardíaco Duração
Febre reumática sem cardite Até 21 anos ou 5 anos após surto*
Febre reumática com cardite prévia sem sequelas valvares (ou leves) Até 25 anos ou 10 anos após surto*
Lesão valvar residual moderada a significativa Até 40 anos ou por toda a vida**


  • Período que for mais prolongado.
    ** Se houver exposição ocupacional, idealmente por toda a vida (p. ex., cuidadores de
    crianças).


BIBLIOGRAFIA

Free download pdf