Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Vinicius Torres Freire - Guerra branca, fome preta


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 24 de abril de 2022
Banco Central - Perfil 1 - FMI

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Autor: Vinicius Torres Freire


A ONU diz que precisa de US$ 43 bilhões para dar de
comer ou proteger de violências 194 milhões de
pessoas, ora sob ameaça imediata de perder a vida. É
'ajuda humanitária' de urgência. No total, 296 milhões
estão sob risco terminal, diz a ONU. Quase 9% da
humanidade passa fome braba.


Na semana passada, Elon Musk disse que teria juntado
US$ 46 bilhões para comprar o Twitter.


A guerra na Ucrânia aumentou o risco de 'agitação
social' ('social unrest'), 'especialmente preocupante' em
'mercados emergentes' e 'economias em
desenvolvimento' com pouco dinheiro público para
gastar e muito dependentes de importação de energia e
alimentos, agora mais inflacionados. É o que diz um
trecho pouco citado do relatório do FMI que acaba de
sair, o 'Perspectiva da Economia Mundial'


'Se você acha que agora é o inferno na Terra, se
prepare. Se a gente não ligar parao Norte da África, o
Norte da África vai para a Europa. Sea gente não ligar


para o Oriente Médio, o Oriente Médio vai para a
Europa'. É o que disse David Beasley em entrevista ao
site Político, em março -ele é o diretor executivo do
Programa Mundial de Alimentos da ONU. Não são,
claro, opiniões de esquerda, embora pessoas sob efeito
de drogas ideológicas bolsonaristas achem que a ONU
é 'comunista' Beasley é um político do Partido
Republicano dos EUA, ex-governador da Carolinado
Sul. O FMI dispensa apresentações, como diz o clichê.
A situação não deve melhorar tão cedo, prevê também
o FMI.

A inflação geral pode diminuir um pouco em 2023, mas
não a da comida. Desde a explosão de preços que
começou no trimestre final do ano passado até mar ço
deste 2022, a inflação dos alimentos foi de 66%
(segundo indice da FAO, a Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura). A carestia dos
cereais foi de mais de 71%. Não se trata apenas de
fome. Na revisão de março do seu 'Panorama
Humanitário Global2022', a ONU registrou que 296
milhões de pessoas precisavam de 'assistência
humanitária e proteção' 1 decada 27 pessoas no
mundo, em 69 países. À necessidade extrema afetava1
pessoa de cada 95 em 2015. Em torno de 1 em 56 de
2016 a 2019.

Pouco?

Eles estão falando de ajuda para gente à beira da
inanição ou morte violenta em países destruídos por
guerra, miséria e surtos de ebola como a República
Democráticado Con9o, por guerras crônicas, como a
Síria ou o Iêmen, por guerras recorrentes, como na
Etiópia ou no Sudão do Sul, por ruína variada e
histórica, como o Haiti ou o Afeganistão -a Venezuela
também está no pacote.

Claro que há muito mais gente em situação terrível.
Estamos tratando aqui dos casos de pessoas sob risco
iminente e que chegam ao conhecimento da ONU,
graças a pedidos desesperados de ajuda.
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