Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Indulto de Bolsonaro prenuncia futuro de violência


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Ambiente
domingo, 24 de abril de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Marcelo Leite


Quem não estiver apavorado com o indulto de Jair
Bolsonaro (PL) ao deputado e ex-PM Daniel Silveira
(PTB-RJ), condenado a 8 anos e 9 meses de prisão
pelo STF, deveria estar. Caso contrário, continuará
cúmplice da violência que as duas figuras nefastas
representam.


Não só violência contra as instituições, os direitos e a
decência, mas violência física, mesmo, maior causa de
mortalidade entre jovens. Os efeitos duradouros do
aumento exponencial das armas em circulação serão
mais difíceis de extirpar do que outros danos ao
convívio civilizado.


Assim como a epidemia de Covid não acabou e teve
sua mortalidade agravada por Bolsonaro, o mesmo se
aplica à mortandade de crianças e adolescentes. As
diferenças são que para a primeira temos vacinas,
apesar do presidente, e que a última vem de longe, mas
dela nos esquecemos faz tempo.


A memória foi reavivada por um artigo sobre


mortalidade infanto-juvenil nos Estados Unidos. Saiu no
periódico New England Journal of Medicine de quinta-
feira (21) e alertava para reviravolta recente nas mortes
por ferimentos.

Assim como aqui, nos EUA os óbitos na faixa de 1 a 24
anos têm origem em causas externas, como acidentes,
homicídios e suicídios. O trio de autores de Harvard
destaca que colisões de trânsito, após seis décadas
como fator principal, cederam a liderança para armas de
fogo a partir de 2017.

De 2000 a 2020, as mortes de crianças e jovens por
tiros, lá, cresceram de 6.998 por ano (7,3 por 100 mil)
para 10.186 (10,3/100 mil). Em paralelo, acidentes
envolvendo veículos caíram de 13.049 (13,6/100 mil)
para 8.234 (8,3/100 mil).

Apesar dos esforços de Bolsonaro, essa inversão não
tem como ocorrer aqui. O país se encontra há décadas
em guerra contra sua juventude, e os homicídios já
abreviam mais que o dobro de vidas moças em
confronto com batidas e atropelamentos.

As estatísticas do Datasus são de matar. Em 2020
houve 54.518 óbitos na coorte de 1-24 anos, dos quais
33.907 (62,2%) por causas externas.

Das mortes não naturais, metade (16.847) resultaram
de agressões. Os acidentes de trânsito foram 7.364
(21,7%), e os suicídios, 2.588 (7,6%). O restante se
distribui entre quedas, afogamentos, incêndios e
envenenamento.

Homicídios e suicídios por armas de fogo não devem
recuar enquanto cresce o arsenal em mãos de
particulares, em razão das normas relaxadas. O ralo
pelo qual transborda esse esgoto são os CACs
(caçadores, atiradores esportivos e caçadores).

Em 2018, ano da eleição de Bolsonaro, havia 133 mil
atiradores registrados. Em outubro de 2021, já eram 450
mil, avanço de 238%, segundo os institutos Sou da Paz
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