Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Clube do retrocesso


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 24 de abril de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O eleitor francês decide neste domingo (24) quem
presidirá a república pelos próximos cinco anos, se o
atual mandatário, o centrista Emmanuel Macron, ou a
desafiante, a ultranacionalista Marine Le Pen.


Repete-se o confronto do segundo turno do pleito de



  1. Daquela feita, a súbita ascensão de Macron
    dialogava criticamente com o resultado de dois
    escrutínios ocorridos no ano anterior: o que definiu a
    saída do Reino Unido da União Europeia e o que
    conduziu Donald Trump à Casa Branca.


A surpresa na França não foi menor que a produzida
nos processos americano e britânico -aos 39 anos, sem
nunca ter disputado eleição, um ex-executivo da finança
privada e ex-ministro de governo socialista desbancava
partidos tradicionais e conquistava o Eliseu.


Mas o sinal da vitória por margem folgada de Emmanuel
Macron contrastou vivamente com o dos triunfos do
populismo nacionalista na América do Norte e na Grã
Bretanha. O novo presidente francês representava
tolerância, multilateralismo e abertura econômica.


Apesar deter-se mantido nessa linha e atuado, coma
alemã Angela Merkel, como contraponto de lucidez ao
terremoto diplomático da gestão Trump, Macron viu
fortalecer-se o radicalismo doméstico à esquerda -com
Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado no primeiro
turno- e à direita, com Le Pen.

Na França e em outras nações ocidentais, a
anteposição política mais frequente deixa de ser a entre
centro-esquerda e centro-direita para tomar a forma da
rivalidade entre forças comprometidas com o Estado
democrático de Direito, de um lado, e correntes que
questionam esse arcabouço, do outro.

Atua nesse segundo polo o nacionalismo exacerbado de
Marine Le Pen, mal disfarçado por uma fina camada de
verniz para tentar diferenciá-ladas boçalidades
segregacionistas defendidas pelo extremista Éric
Zemour no primeiro turno.

A eleição de Le Pen, que não haja dúvidas sobre isso,
desencadearia não apenas uma reviravolta reacionária
na política imigratória francesa. Representaria também
uma ameaça constante de restrição de direitos da
população não branca.

Todos os desafios que exigem colaboração
internacional para ser enfrentados, da mitigação do
aquecimento global ao enfrentamento de autocracias
belicosas, encontrariam em Le Pen um obstáculo.

A invasão da Ucrânia pela Rússia colocou em termos
claros o que está em jogo quando adversários do
avanço civilizacional que a muito custo neutralizou o
exercício tirânico do poder de Estado encontram
substrato favorável para prosperar.

Marine Le Pen, admiradora de Vladimir Putin -também
elogiado por Donald Trump-, é sócia dileta desse clube
do retrocesso.

COLUNISTAS
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