Aventuras na História - Edição 228 (2022-05)

(EriveltonMoraes) #1
também conhecida como Conjuração Mineira,
condenado à morte pela Coroa portuguesa em
abril de 1792 – 230 anos atrás.
Dos seus 21 aos 28 anos, pouco se conhece
sobre sua vida. “Apenas que foi mascate, viajou
muito e enfiou-se numa encrenca em território
baiano que lhe custou quase tudo o que tinha
ganhado como vendedor ambulante”, revela o
jornalista Lucas Figueiredo, autor da biografia
O Tiradentes. Não há um registro detalhado da
ocorrência, apenas o relato de uma testemunha,
o escravizado Alexandre da Silva. Fato é que
Joaquim terminou preso devido ao seu compor-
tamento, segundo as autoridades da época. Em
seus tempos de mascate, na juventude, Tiraden-
tes realizou inúmeras viagens no roteiro Rio de
Janeiro – Minas Gerais – Bahia.
Ele, que nasceu na cidade mineira de Ritápolis,
em 1746, ficou órfão de pai e mãe perto dos 10
anos de idade. Primeiro perdeu a mãe, quando
tinha 9 anos – depois, o pai. Joaquim era o quar-
to dos sete filhos do casal. Passou a ser criado pelo
tio e padrinho Sebastião Ferreira Leitão, cirurgião
dentista, com quem aprendeu noções para se tor-

O mito de que Tiradentes lutou
pela independência do Brasil e pela
implantação da República no Brasil,
começou a ser propagada ainda no
século 19 pelo movimento republicano,
que precisava de um símbolo e de um
herói. Foi nessa época que surgiu a figura
fantasiosa de Tiradentes com barbas e
cabelos longos – explicitado no quadro
pintado por Pedro Américo em 1893.
“Não há qualquer registro histórico
sobre como era o rosto dele. Mas,
ao considerar que ele ficou preso,
é natural pensar que Joaquim foi morto
com a barbas e os cabelos raspados,
como é comum nas prisões”, salienta
Álvaro Antunes, historiador e docente
do curso de História da Universidade
Federal de Ouro Preto.
“A figura de Tiradentes que chegou
até nós – barba e cabelos longos,
metido numa bata branca – é uma
criação fantasiosa do movimento
republicano ocorrida quase cem anos
depois da morte do alferes. Carecendo
de um herói para sua causa, os
republicanos se socorreram com
Joaquim, devidamente transformado
num arremedo de Jesus Cristo”,
corrobora o biógrafo e jornalista Lucas
Figueiredo. Ele complementa também
que, em relação ao biotipo,
“o que se sabe dele é muito pouco:
era branco, tinha cabelos brancos
já na faixa dos 40 anos e só”.
Antunes salienta que o grupo militar
e oligárquico que defendia a República
em meados do século 19 – culminando
na Proclamação da República em
1899, buscava forjar um símbolo para
fortalecer o movimento republicano no
país. “Tiradentes era um militar de baixa
patente que era capaz de criar uma
ponte entre os militares de diferentes
patentes. Além disso, associá-lo à figura

de Jesus Cristo é enaltecer os valores
religiosos cristãos que historicamente
fazem parte da sociedade
brasileira”, explica o historiador.
O nome de Tiradentes consta no
Livro de Aço do Panteão da Pátria
e da Liberdade, um memorial cívico
que homenageia grandes personagens
da história do país. A implantação
do feriado de 21 de abril, em
homenagem ao Tiradentes, partiu do
regime militar por meio do marechal
Castelo Branco em 1965. Na mesma
oportunidade, foi instituído também
que Tiradentes é Patrono da Nação
Brasileira. Tiradentes ainda é patrono
das polícias militares e civis do Brasil.

PERSONAGEM


A CRIAÇÃO DO MITO
“TIRADENTES”

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