Aventuras na História - Edição 228 (2022-05)

(EriveltonMoraes) #1
conhecia bem, e defendia os interesses dos co-
lonizadores portugueses. Até que um dia, to-
mou consciência de sua posição e resolveu dar
um basta em suas atividades oficiais.
Os registros históricos não esclarecem exata-
mente quando essa virada se deu em sua vida.
Tiradentes estava insatisfeito com o fato de, em
mais de uma década, não ter ascendido na car-
reira militar e tampouco recebido aumento sa-
larial. Sabe-se que em 1787, descontente com a
sua realidade profissional, deixou o serviço mi-
litar e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde
voltou a atuar como dentista.
Ao voltar para Minas Gerais, logo passou a
pertencer ao grupo que formava a Inconfidência
Mineira. “É certo que no segundo semestre de
1788 ele já conspirava abertamente num grande
território, que vai da capital do Rio de Janeiro à
Vila Rica”, conta Figueiredo.
A ideia política básica e comum a todos os
membros era a independência de um território
em relação a Portugal, que abrangeria Minas
Gerais, Rio de Janeiro e, para alguns integrantes,
São Paulo. Nessa época, Minas Gerais havia se

tornado um centro econômico do país devido à
extração de ouro. “Joaquim tinha basicamente
dois papéis no movimento: era seu principal
agente de propaganda e de recrutamento e, tam-
bém, o estrategista militar”, aponta o biógrafo.

UM OUSADO DIVULGADOR
Sem falar uma palavra sequer em francês, Tira-
dentes passou a carregar debaixo do braço um
pequeno livro escrito nesta língua. Era a obra
Compilação das Leis Constitutivas das Colônias
Inglesas, Confederadas sob a Denominação de
Estados Unidos da América Setentrional. “Tira-
dentes certamente foi muito impactado pelos ide-
ais da Revolução Americana, sobre os quais ouviu
falar por intermédio de seu camarada de conju-
ração José Álvares Maciel, que estudara em Coim-
bra, Portugal, e Birmingham, Inglaterra. Foi Ma-
ciel, inclusive, que deu a Tiradentes um exemplar
do livro, marcando profundamente sua vida, e o
qual levava em sua algibeira por onde ia”, diz.
Com a ajuda de um dicionário e de amigos
poliglotas, Joaquim foi, aos poucos, conseguindo
traduzir a obra e entendendo melhor o ideal re-

PERSONAGEM


TIRADENTES
HERÓI-MÁRTIR
Pedro Américo já era
conhecido quando pintou
Tiradentes Esquarteja-
do, em 1893. Feita por
iniciativa do próprio pintor,
a obra reforçou a imagem
do herói-mártir dos
republicanos

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