história do Brasil. Reis foi um dos que dedurou os
inconfidentes à Coroa portuguesa, com a qual
estava em débito – ele era, possivelmente, o ho-
mem mais endividado da capitania mineira na
época. Assim, Reis teve sua dívida perdoada. Ao
todo, segundo Lilia Schwarcz e Heloisa Starling,
foram realizadas “seis denúncias formais de que
havia uma conspiração em marcha nas Minas”.
Tiradentes foi capturado em 10 de maio de 1789
no Rio de Janeiro, durante uma de suas viagens
para agregar adeptos ao movimento. Ficou preso
em masmorras, em regime de solitária, por quase
três anos na capital brasileira daquela época.
“Quando saiu de lá para assistir à farsa de seu
julgamento, estava em farrapos”, conta Figueiredo
em relação ao estado físico de Joaquim.
Magro, pálido, com o olhar assustado e cami-
nhando com dificuldade, Tiradentes em nada
lembrava aquele homem falante e divertido de
outrora. Fiel aos seus princípios, não negou a
participação na Conjuração. E mais: nos depoi-
mentos que deu quando já estava preso, tentou
livrar seus companheiros. “Tiradentes tratou de
atrair toda a culpa sobre si, praticamente se apre-
sentado para o martírio”, escreveu o historiadorEduardo Bueno. E, por fim, acabou sendo o
único integrante do movimento julgado
como criminoso. Condenado à morte, Joa-
quim foi enforcado no dia 21 de abril de 1792,
aos 45 anos, no Largo da Lampadosa, no Rio
de Janeiro, à mira de inúmeros olhares curio-
sos. A sentença ainda determinava que seu
corpo fosse decapitado e esquartejado em
quatro pedaços a serem salgados e colocados
em grandes sacos de couro.
Uma parte foi pendurada em um poste na
cidade f luminense de Paraíba do Sul, enquan-
to as outras rumaram para Minas Gerais:
uma foi amarrada numa encruzilhada em
Barbacena, outra arremessada em Varginha
e a última, jogada nos arredores de Ouro
Preto. Já a cabeça do mártir foi enfiada num
poste de frente para a sede do governo, no
centro da atual cidade de Ouro Preto, e ex-
posta ao público. Era um ultimato para todos
os moradores da colônia brasileira que ou-
sassem desafiar os poderes da Coroa portu-
guesa – uma realidade que persistiu ao longo
de mais de três séculos, até 1822, quando foi
conclamada a Independência do país.A CARA DO MITO
Pintado em 1914 por
Antônio Parreiras,
a Prisão de Tiradentes
é o único quadro
que mostra o mineiro
valente. Não à toa,
foi encomendado pelo
governo do Rio Grande
do Sul, estado mais
belicoso. Armado,
enfrenta os policiais
que querem prendê-loEntre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS