Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

100 claudia.com.br setembro 2019


ASSANDO BOLOS DE MADRUGADA,


CLEUSA MARIA DA SILVA MONTOU


A EMPRESA QUE A TRANSFORMOU


EM INSPIRAÇÃO DE SUCESSO


O primeiro bolo que Cleusa Maria da
Silva fez para vender foi logo um de 35
quilos, para uma festa. A encomenda
era, na verdade, da sua então chefe em
uma fábrica de alto-falantes, em Salto,
no interior de São Paulo. A mulher era
confeiteira, mas não vinha dando conta
das demandas desde que o marido
morrera e ela fora obrigada a assumir a
empresa da família. Sob suas orientações,
Cleusa fez o bolo em uma noite. “As

CLEUSA MARIA DA SILVA
EMPREENDEDORISMO E NEGÓCIOS

“Encontrei no


meu negócio


de doces a


oportunidade de


mudar a vida da


minha família”
CLEUSA MARIA DA SILVA, empresária

pessoas gostaram muito, e minha chefe
disse que eu tinha aprendido rápido o
que ela havia demorado anos”, lembra.
A partir daí, passou a se dedicar também
às encomendas. Trabalhava de dia
no emprego e à noite batia, assava e
decorava bolos. “Não fazia pelo prazer
que tenho hoje, mas pela necessidade
de sustentar minha família”, explica. A
rotina exaustiva se arrastou por cerca
de dois anos, até abrir a primeira loja,
em um espaço de 20 metros quadrados
na mesma cidade, em 1997. Logo
chegou a outros municípios do interior
do estado. Com o modelo de franquias,
desembarcou em 2007 na capital paulista

e viu o ritmo de crescimento do negócio
acelerar. Atualmente, ela soma 314 lojas
com o selo Sodiê Doces espalhadas pelo
Brasil – mais uma está prevista para ser
inaugurada em Orlando, nos Estados
Unidos. Elas vendem cerca de 90 sabores
de bolo, além de outras guloseimas
criadas por Cleusa. “Sempre experimento
as novas invenções e acabo mudando
algo para deixar com a minha cara”, diz a
empresária. Antes da abertura de outras
unidades, os novos confeiteiros passam
por treinamentos em uma filial em São
Paulo. Já a matriz se mantém no mesmo
endereço desde a inauguração, mas
aumentou dez vezes de tamanho.
“No ínicio, meu objetivo era tirar
minha mãe do trabalho de boia-fria.
Consegui alcançar muito mais”, conta
Cleusa. Quando criança, chegou a
trabalhar com a família na colheita de
cana-de-açúcar e, na adolescência, foi
empregada doméstica em casa de
famílias de alto poder aquisitivo,
sofrendo constrangimentos rotineiros.
Recordar esse passado a ajudou a
ter foco para erguer seu império e
construir uma história de vida que
parece até enredo de novela. Fotos

Cleusa,

João Bertholini; Nelsa, André Thiesen Hilgert • Be

leza

Jonatan Nogueira; Carlos Rosa/Capa MGT
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