Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

claudia.com.br setembro 2019 103


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Julia Rodrigues


ARTICULANDO COM OS SETORES PÚBLICO


E PRIVADO, JOÃO SANTOS CONDUZ REDE


DE COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


Antes da existência da Lei Maria da
Penha, de 2006, o volume de campanhas
de combate à violência doméstica era
reduzido. “Não era considerada uma pauta
para as empresas”, conta João Santos.
No Instituto para o Desenvolvimento
Sustentável, ONG fundada por ele, João
iniciou, em 2004, o programa Bem Querer
Mulher para mobilizar a sociedade civil
em relação à causa. Buscou apoio de
companhias, da atual ONU Mulheres
e da imprensa e gerou um fundo para
captar recursos. Esse movimento
impulsionou a criação de um projeto

de formação de agentes para atuar no
acolhimento de vítimas de violência
doméstica que oferecia cursos de 100
horas de capacitação para a prestação
de assistência e encaminhamento das
mulheres aos equipamentos públicos.
Ao longo de dez anos, foram treinadas
cerca de 200 lideranças comunitárias de
periferias da capital paulista, capazes
de replicar o conhecimento. “Muitas
líderes se engajaram bastante, mas
não bastava formar”, diz João. Em 2011,
o programa firmou convênio com o
governo estadual para levar as agentes
a Centros de Integração da Cidadania
(CICs), espalhados por diferentes regiões
de São Paulo. Com a demanda crescente,
ganharam sede própria e passaram

JOÃO SANTOS | ELES POR ELAS


“Criamos uma


metodologia de


atendimento


integral para


que as mulheres


não voltem a


ser vítimas”
JOÃO SANTOS, empresário

a atuar em duas regiões. Nesses
espaços, as mulheres que sofrem com
as agressões têm a quem recorrer,
recebendo acompanhamento social,
psicológico e jurídico. As dez agentes
fixas se desdobram para atendê-las –
no ano passado, foram registrados 5 mil
atendimentos. Elas apoiam o registro de
queixas nas delegacias especializadas,
encontram vagas em abrigos e ajudam
as vítimas a seguir em frente. Nos
bastidores, João mantém um trabalho
contínuo de articulação com entidades
públicas e privadas para ampliar a
atuação do programa. Em uma dessas
parcerias, iniciou uma nova frente de
trabalho, voltada para a disseminação
do combate à violência entre
adolescentes. “É nessa faixa etária que
começa a surgir o comportamento que
leva à opressão”, diz. No ano passado,
um piloto da iniciativa, apoiada pelo
Centro de Integração Empresa-Escola
(CIEE), reuniu 300 jovens para discutir
e aprender mais sobre o tema.
Até o final deste ano, serão 5 mil
adolescentes do Amazonas, Distrito
Federal, da Bahia e de São Paulo.
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