Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

106 claudia.com.br setembro 2019


Muitas vezes a demissão não aparece tão do nada assim. Prestar atenção na sua
intuição, no que acontece à sua volta e no dia a dia da empresa pode garantir
que você consiga traçar um plano de ação e não precise devolver seu crachá

texto Manuela aquino

Carreira


Fotos

Getty Images

V


ocê chega ao trabalho
e há algo estranho.
O ambiente está mais
silencioso, as pessoas
observam você de
rabo de olho. O telefone toca e a
secretária do seu chefe a chama. O
frio na espinha e o coração dispara-
do, sinais de tensão, antecipam o
que vai acontecer naquela sala re-
servada – a demissão.
Talvez essa cena já tenha aconte-
cido na sua vida ou com alguém
próximo de você. Depois do susto, a
questão passa a ser o que houve para
chegar a esse ponto extremo. Um
misto de culpa e de sentimento de
injustiça se instala. Só que muitas
vezes o fim da sua trajetória naque-
le emprego já vinha sendo desenha-
do fazia tempo, e você não tinha

percebido ou não deu bola. “A infor-
mação vem de várias formas, pode
ser oficial ou extraoficial, mas a
primeira coisa a usar a seu favor é a
intuição, poderosa aliada que pode
ajudá-la a notar o clima estranho”,
explica a headhunter Luciana Tegon,
sócia-diretora da Consultants Group
by Tegon, em São Paulo.
Ficar atenta ao que acontece a
seu lado é uma das grandes armas
para reverter a situação e evitar o
final infeliz. Sim, é possível driblar
aquela visita fatídica ao departa-
mento de recursos humanos.

FOGO AMIGO
Antes de mais nada, procure iden-
tificar os sinais que merecem ser
considerados. Há momentos em que,
por insegurança, nos deixamos levar

por paranoias ou pela famosa rádio
peão. No entanto, os especialistas
com os quais conversamos concor-
dam que, quando a fofoca toma
conta da empresa, é comum se
concretizar. O importante é analisar
a fonte. “Às vezes cria-se um volume
grande de conversas para algo pe-
queno”, diz Mariza Baumbach,
pedagoga do Rio de Janeiro, espe-
cialista em leadership and coaching
pela Universidade de Ohio.
Mas há, sim, sinais de alerta. O
primeiro é o contexto econômico.
Como anda o setor da empresa em
que você trabalha? Estão ocorrendo
demissões nas concorrentes? A dire-
ção já avisou sobre redução de orça-
mento? Esses são indicativos de que
a crise anda rondando sua área e,
nesse caso, pouco tem a ver com as

Onde há


fumaça...


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